Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após uma reunião na Casa Branca, em Washington DC — 7 de abril de 2025. Foto de Liri Agami / Flash90
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que concederia ao Hamas vários dias para responder à sua proposta de um plano de paz para a Faixa de Gaza, depois que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aceitou publicamente o plano.
“Estamos apenas esperando pelo Hamas”, disse Trump aos repórteres na terça-feira, acrescentando que daria ao grupo terrorista cerca de “três ou quatro dias” para responder.
“O Hamas vai aceitar ou não, e se não aceitar, será um final muito triste”, disse ele, enfatizando que “não há muito” espaço para negociação.
O plano exige um cessar-fogo imediato, seguido pela retirada parcial das Forças de Defesa de Israel (FDI) e pela libertação de todos os reféns. Eventualmente, o Hamas será desarmado e a governança da Faixa de Gaza será assumida por um comitê internacional.
“Precisamos de uma assinatura, e essa assinatura vai custar caro se eles não assinarem. Espero que eles assinem, para o seu próprio bem, e criem algo realmente ótimo”, disse Trump mais tarde em um evento na Virgínia.
Enquanto isso, tem havido uma enxurrada de declarações e relatos, muitas vezes contraditórios, sobre as intenções do Hamas. Inicialmente, o grupo terrorista disse que ainda não havia recebido uma versão por escrito da proposta, apesar de a Casa Branca tê-la publicado na íntegra.
Desde então, vários funcionários e porta-vozes afirmaram que o plano seria avaliado, sem se comprometerem com um desfecho.
Do ponto de vista dos EUA e de Israel, o plano é uma proposta do tipo “pegar ou largar”. Uma fonte política disse ao canal i24 NEWS na terça-feira: “O plano apresentado pelo presidente Trump não é negociável — é ‘sim ou não’.”
Entretanto, autoridades do Hamas e do Catar sinalizaram que pretendem negociar alguns pontos.
O jornal saudita Asharq Al-Awsat citou fontes do Hamas dizendo que o plano “favorece um lado e cria injustiça”, o que significa que beneficia Israel. Elas acrescentaram, porém, que o plano seria examinado com um espírito positivo.
As fontes também disseram que não tinham conhecimento sobre um prazo para a resposta do Hamas, mas que os mediadores pediram que respondessem em cerca de dois dias.
As fontes do Hamas ressaltaram que pode ser necessário ajustar o prazo para a libertação dos reféns, a qual, de acordo com o plano, deve ser realizada em 72 horas. As fontes afirmaram que pode ser necessário mais tempo para encontrarem os locais de sepultamento dos reféns mortos.
A BBC britânica citou outro oficial do alto escalão do Hamas, o qual disse que o grupo provavelmente rejeitará o plano, pois ele “atende aos interesses de Israel”, mas “ignora os do povo palestino.”
Os pontos que o Hamas supostamente rejeita incluem o seu desarmamento, bem como a introdução de uma Força Internacional de Estabilização (FIS) em Gaza, vista por ele como mais uma ocupação.
Outra reportagem da CBS News afirmou que o Hamas e outros grupos terroristas palestinos estão inclinados a endossar a proposta de Trump.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al-Ansari, confirmou, na terça-feira, que seu país e o Egito transmitiram a proposta ao Hamas, acrescentando que eles se comprometeram a “analisá-la com a mais alta responsabilidade.”
“Ainda é muito cedo para falar em respostas, mas estamos otimistas — especialmente porque, hoje, a delegação do Hamas deve se reunir com os turcos para discutir o plano de Trump com mais detalhes”, disse ele.
De acordo com a Al Jazeera, citando uma fonte bem informada, a reunião contou com representantes do Catar, do Egito, da Turquia e do Hamas. O grupo terrorista teria prometido “avaliar a proposta americana de cessar-fogo com a mais alta responsabilidade.”
No entanto, a fonte também ressaltou que a reunião foi “parte de um diálogo técnico com o objetivo de formular uma posição final sobre o plano de Trump”, indicando que o Hamas não responderá com um “sim ou não”.
Isso foi ressaltado pelos comentários feitos pelo primeiro-ministro do Catar, Mohammed Al Thani, na terça-feira. Ele disse à Al Jazeera que a retirada israelense ainda exigia “esclarecimentos e discussões.”
Ele também disse que a governança de Gaza, no pós-guerra, precisaria ser discutida mais a fundo com os americanos, mas “não tem nada a ver com Israel.”
“O plano está em seus estágios iniciais e precisa ser desenvolvido. Estamos tentando criar um caminho que proteja os direitos dos palestinos”, disse Al Thani.
O ministro da Agricultura de Israel, Avi Dichter, que atuou como chefe do Shin Bet no passado, mostrou-se pessimista, na terça-feira, no que tange às chances de o Hamas concordar com o plano.
“Admito que, como alguém que conhece o Hamas desde a sua fundação, acho difícil imaginar que a organização terrorista abrace o plano”, alertou Dichter.