Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente Donald Trump discursam na Casa Branca — 29 de setembro de 2025. Foto: Casa Branca
Na noite de sábado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que Israel concordou com a linha inicial de retirada da Faixa de Gaza que ele havia proposto.
O presidente Trump também disse que a linha de retirada foi compartilhada com o Hamas e que, se o grupo terrorista aprovar, o cessar-fogo e a libertação dos reféns poderão começar imediatamente.
Donald J. Trump no Truth @realDonaldTrump Após negociações, Israel concordou com a linha inicial de retirada, a qual mostramos e compartilhamos com o Hamas. Quando o Hamas confirmar, o cessar-fogo entrará em vigor IMEDIATAMENTE, a troca de reféns e prisioneiros terá início e criaremos as condições para a próxima fase da retirada, que nos aproximará do fim desta CATÁSTROFE DE 3.000 ANOS. Agradecemos pela atenção nesse assunto, e FIQUEM LIGADOS!
“Após negociações, Israel concordou com a linha de retirada inicial, a qual mostramos e compartilhamos com o Hamas”, escreveu o presidente Trump no Truth Social.
O presidente Trump também compartilhou outra postagem no Truth, na qual alertou o Hamas a concordarem com o acordo.
“Agradeço que Israel tenha suspendido temporariamente os bombardeios para dar uma chance à libertação dos reféns e à conclusão do acordo de paz”, escreveu Trump. “O Hamas deve agir rapidamente, ou, então, tudo estará perdido. Não tolerarei atrasos, o que muitos acreditam que acontecerá, nem qualquer resultado em que Gaza volte a representar uma ameaça.”
Donald J. Trump no Truth @realDonaldTrump Agradeço que Israel tenha suspendido temporariamente os bombardeios para dar uma chance à libertação dos reféns e à conclusão do acordo de paz. O Hamas deve agir rapidamente, ou, então, tudo estará perdido. Não tolerarei atrasos, o que muitos acreditam que acontecerá, nem qualquer resultado em que Gaza volte a representar ameaça. Vamos resolver isso rapidamente. Todos serão tratados com justiça!
Após as publicações de Trump nas redes sociais, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez uma declaração em vídeo ao público israelense, na qual disse esperar que os reféns sejam libertados durante a festividade de Sucot (Festa das Cabanas ou Tabernáculos).
“Meus irmãos e irmãs, cidadãos de Israel, estamos à beira de uma grande conquista”, disse Netanyahu. “Ainda não está finalizado; estamos trabalhando nisso diligentemente, e espero que, nos próximos dias, com a ajuda de Deus, durante a festividade de Sucot, eu possa informá-los sobre o retorno de todos os nossos reféns, vivos e mortos, de uma só vez, enquanto as Forças de Defesa de Israel (FDI) permanecem nas profundezas da Faixa de Gaza e nas áreas de controle dentro dela.”
A linha de retirada acordada por Israel permitiria que as FDI continuassem controlando pouco mais de 50% da Faixa de Gaza. Acordos anteriores de cessar-fogo envolvendo reféns previam uma retirada mais significativa das FDI do território capturado. No entanto, essa retirada significaria que os militares perderiam todos os ganhos obtidos na cidade de Gaza nas últimas semanas.
O primeiro-ministro já colocou as Forças de Defesa de Israel em postura defensiva em Gaza, em preparação para o cessar-fogo.
Enquanto isso, a emissora pública Kan News informou que autoridades israelenses acreditam que o Hamas buscará várias mudanças no plano de Trump. Acredita-se que o grupo terrorista não esteja disposto a se desarmar por completo e, provavelmente, resistirá à libertação de todos os reféns de uma só vez. Izz al-Din Haddad, comandante da ala militar do Hamas em Gaza, estaria relutante em entregar os fuzis, os quais, ele argumenta, seriam armas defensivas, mas estaria disposto a entregar todos os estoques restantes de foguetes, morteiros e dispositivos explosivos.
Netanyahu afirmou que a aparente disposição do Hamas em aceitar o acordo de Trump é resultado de intensa pressão militar e política sobre o grupo terrorista.
“Como resultado da intensa pressão militar que aplicamos e da pressão diplomática, o Hamas foi pressionado a concordar com o plano que apresentamos”, afirmou Netanyahu.
“Na primeira fase, o Hamas libertará todos os nossos reféns, e as tropas das FDI se reposicionarão de tal forma que continuem controlando todas as áreas no interior da Faixa”, continuou ele.
Ele também rebateu as alegações de que o Hamas estava pronto para concordar, um ano atrás, com um acordo de cessar-fogo idêntico.
“Ouvi dizer que algumas pessoas estão dizendo, hoje, que o Hamas estava pronto há um ano, ou até mesmo há dois anos, para libertar todos os nossos reféns sem que nos retirássemos totalmente da Faixa. Eu lhes digo: isso é simplesmente uma mentira”, afirmou Netanyahu, rejeitando as alegações. “O que provocou a mudança na posição do Hamas foi exclusivamente a pressão militar e diplomática que exercemos.”
Em negociações anteriores de cessar-fogo, o Hamas exigiu a retirada total das FDI de Gaza para libertar os reféns restantes.
Netanyahu disse que, se Israel tivesse concordado com esses acordos, “teríamos deixado Gaza sem praticamente nenhuma conquista.”
Em seguida, ele reiterou as alegações de que a pressão militar contínua sobre o Hamas foi o que levou à mudança na situação no Oriente Médio, incluindo o colapso do regime de Bashar al-Assad na Síria, a derrota do Hezbollah e o colapso do “eixo iraniano do mal.”
O primeiro-ministro Netanyahu afirmou que coordenou “uma ação diplomática que virou a situação de cabeça para baixo” com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Em vez de Israel ficar isolado, o Hamas ficará isolado”, afirmou.
Netanyahu disse que instruiu a equipe de negociação dos reféns a ir ao Cairo, no Egito, “para fechar os detalhes técnicos da libertação de nossos reféns.”
Ele concluiu as suas declarações pedindo união e citando Isaías 41: “Como está escrito em nossas Escrituras, ‘cada um ajuda o outro e diz a seu irmão: "Seja forte!’” [Isaías 41:6]