Diretor designado da Agência de Segurança de Israel (Shin Bet), David Zini, visto com soldados judeus ultraortodoxos da Brigada Asmoneana após concluírem a marcha da boina no Muro das Lamentações, na Cidade Velha de Jerusalém — 6 de agosto de 2025. Foto de Chaim Goldberg / Flash90
O governo israelense aprovou a nomeação do major-general David Zini como diretor do serviço de inteligência doméstica, Shin Bet (ASI), em uma votação unânime na terça-feira.
A votação encerrou uma disputa de meses sobre a nomeação do próximo chefe de inteligência, a qual teve início quando o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, demitiu o chefe do Shin Bet, Ronen Bar, desencadeado protestos da oposição e uma enxurrada de petições judiciais.
Netanyahu parabenizou Zini, dizendo-lhe que está “totalmente confiante de que ele é a pessoa certa para liderar a organização” e observando que “a realidade pós-7/10 exige um novo diretor da ASI que venha de fora dos escalões da agência.”
No momento de sua nomeação, Zini ainda estava servindo ativamente nas Forças de Defesa de Israel (FDI), antes de ser exonerado pelo chefe do Estado-Maior das FDI, o tenente-general Eyal Zamir.
O major-general Zini serviu em várias funções e comandos nas FDI, depois de iniciar sua carreira como combatente na Unidade de Reconhecimento de Elite.
Ele tornou-se comandante de batalhão na Brigada Golani, comandante da Unidade Egoz, comandante da Brigada Alexandroni e oficial de operações do Comando Central. Ele também criou a Brigada de Comandos, foi comandante do centro nacional de treinamento terrestre e chefe do comando de treinamento do Estado-Maior, além de criar a Brigada Asmoneana.
“O pensamento crítico que caracterizou o major-general Zini em seus vários cargos, a capacidade de pensar fora da caixa, de adaptar o sistema a uma realidade em constante mudança, juntamente com a sua considerável experiência operacional na construção e operação de forças, levaram à conclusão de que ele é a pessoa mais adequada para liderar a ASI neste momento”, afirmou o gabinete de Netanyahu.
O presidente Isaac Herzog parabenizou Zini, enfatizando que ele “traz consigo décadas de experiência rica e variada como guerreiro e comandante na defesa de Israel e de seus cidadãos.”
“Nestes dias tensos e ameaçadores, em que, até mesmo hoje, israelenses inocentes, foram brutalmente atacados em um ato terrorista, é importante para todos nós lembrarmos como o funcionamento do Shin Bet é vital para proteger a sociedade israelense, sua segurança e seus valores”, afirmou Herzog.
Apesar de ter encerrado a disputa legal em torno de sua nomeação, a aprovação de Zini desencadeou, imediatamente, uma nova controvérsia.
O líder de extrema-esquerda do Partido Democratas — ele próprio um ex-general —, Yair Golan, prometeu demitir Zini assim que ele se tornasse parte de um novo governo.
“Examinaremos todos os nomeados do presente governo, e, se eles se desviarem do caminho democrático, nós os substituiremos. Nomearemos pessoas que servirão ao reino e não ao rei”, escreveu ele no 𝕏.
Em entrevista à Rádio do Exército, Golan reiterou o seu argumento, apontando explicitamente para Zini e afirmando que “a única qualidade que o fez ser escolhido para o cargo pelo primeiro-ministro é a crença de que ele lhe concederá imunidade nas investigações do caso Catar.”
Naftali Bennett, que deve concorrer nas próximas eleições, defendeu Zini: “No governo corretivo que será formado, cada funcionário será avaliado por suas ações em prol do Estado, e não pelos preconceitos de políticos ou da mídia.”
Ele acrescentou que o processo de nomeação de Zini “foi falho, sem a culpa de Zini”, mas enfatizou que “a partir do momento em que o major-general David Zini for legalmente nomeado, ele será o Chefe do Estado-Maior do Shin Bet. Desejo-lhe sucesso nesse cargo nacional e vital.”
O presidente do partido Azul e Branco, Benny Gantz, desejou sucesso a Zini, ressaltando que “seu sucesso é do interesse de todos os israelenses. O Shin Bet é uma organização estatal encarregada da missão de proteger vidas humanas e a democracia israelense.”
A aprovação de Zini foi possibilitada por uma decisão do comitê consultivo para nomeações de altos cargos na semana passada.
O comitê concluiu que Zini, juntamente com outras pessoas que prestaram depoimento, refutou as declarações que alegavam desobediência ao Estado de Direito e afirmou que não havia conflito de interesses que o desqualificasse para a nomeação.