Manifestação semanal na Praça dos Reféns, em Tel Aviv, em apoio à libertação dos reféns israelenses mantidos em cativeiro pelo Hamas em Gaza — 27 de setembro de 2025. (Foto: Avshalom Sassoni / Flash90
Ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no pódio da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou o escopo de um plano para pôr fim à guerra em Gaza.
Saudando “um dia muito, muito importante, um dia maravilhoso, potencialmente um dos dias mais importantes da civilização”, Trump afirmou que havia uma chance de alcançar “uma paz duradoura.”
Pouco antes da coletiva de imprensa, Washington divulgou o plano de 20 itens, o qual prevê o fim imediato da guerra, a libertação de todos os reféns israelenses em três dias e a retirada gradual das tropas israelenses à medida que um novo órgão internacional assume o governo e desmilitariza Gaza.
Rapid Response 47 no X @RapidResponse47 .@POTUS: “Hoje é um dia histórico para a paz — e o primeiro-ministro @netanyahu e eu acabamos de concluir uma importante reunião sobre muitas questões vitais... discutimos como acabar com a guerra em Gaza, mas isso é apenas uma parte de um quadro maior, que é a paz no Oriente Médio.”
Netanyahu anunciou que “apoia” o plano de Trump, o qual disse ser um “passo crucial para acabar com a guerra em Gaza”, bem como um passo em direção à paz no Oriente Médio.
Em um ponto-chave para o público israelense, especialmente para os seus apoiadores de direita, Netanyahu enfatizou que o plano de 20 itens “atinge os nossos objetivos da guerra”, ou seja, prevê o retorno de todos os reféns em três dias e descreve um processo para desmantelar as capacidades militares e governamentais do Hamas.
O plano garantirá que Gaza “nunca mais represente uma ameaça a Israel”, disse Netanyahu, ressaltando que ele também é “consistente” com os cinco princípios para acabar com a guerra, propostos pelo governo israelense em agosto.
Benjamin Netanyahu - בנימין נתניהו no X @netanyahu בפגישה עם הנשיא טראמפ בבית הלבן 🇮🇱🇺🇸 Reunião com o presidente Trump na Casa Branca 🇺🇸🇮🇱 @realDonaldTrump
Outro ponto crucial para a aceitação do acordo que o governo israelense precisa autorizar, já que envolve a libertação de terroristas condenados em troca de reféns, é garantir a liberdade de atuação futura de Israel.
Netanyahu ressaltou que a responsabilidade pela segurança permanecerá nas mãos de Israel, com as FDI mantendo o controle sobre um perímetro de segurança ao longo de toda a fronteira, incluindo o Corredor Filadélfia.
“Permaneceremos no perímetro de segurança por ora”, disse o primeiro-ministro.
Se os líderes do Hamas concordarem com a proposta, continuou Netanyahu, o primeiro passo será uma retirada “modesta” de Israel antes da libertação de todos os reféns.
Rapid Response 47 no X @RapidResponse47 Plano abrangente do presidente Donald J. Trump para acabar com o conflito em Gaza: 1. Gaza será uma zona desradicalizada e livre de terrorismo, a qual não representará uma ameaça aos seus vizinhos. 2. Gaza será reconstruída para em prol do povo de Gaza, que já sofreu mais do que o suficiente...
Na fase seguinte, o órgão internacional, ao qual Trump chamou de “Conselho da Paz”, assumirá a governança da Faixa de Gaza. Se ele for bem-sucedido, “teremos encerrado a guerra”, disse Netanyahu.
O plano todo depende da aprovação do Hamas. Se o grupo terrorista rejeitar o plano ou “supostamente aceitar, mas depois fizer de tudo para combatê-lo”, Netanyahu prometeu que Israel terminaria o trabalho sozinho. “Isso será feito. Preferimos o caminho mais fácil, mas isso tem de ser feito... Não travamos essa batalha... para que o Hamas permaneça em Gaza e nos ameace de novo e de novo.”
O primeiro-ministro também enfatizou que não haveria “nenhum papel em Gaza” para a Autoridade Palestina sem uma “transformação fundamental e duradoura”, que, segundo ele, deve incluir o fim dos pagamentos a terroristas, a revisão dos livros didáticos, o fim da incitação midiática e o fim da guerra jurídica em fóruns internacionais, entre outras medidas.
O plano de Trump oferece um “plano prático e realista para o futuro” de Gaza nos próximos anos, já que o enclave será governado por aqueles “comprometidos com a paz com Israel”, acrescentou Netanyahu.
Começando com um pronunciamento relativamente longo, o presidente Trump agradeceu a Netanyahu “por tomar a frente e realizar o trabalho. Nós trabalhamos bem juntos, assim como o fizemos com muitos outros países, nós dois... essa é a única forma de resolvemos a situação toda.”
No entanto, Trump também ressaltou que ele e Netanyahu tiveram uma “conversa longa e intensa” e disse que o primeiro-ministro “entende que é hora de acabar com isso.”
O líder dos EUA também disse que o plano de paz poderia ir “muito além de Gaza. A coisa toda. Tudo. Resolvido. Isso se chama paz no Oriente Médio.”
Ele ressaltou que “todos”, agora, estavam de acordo com o plano, expressando otimismo de que o grupo terrorista Hamas, uma vez sob pressão dos países árabes e muçulmanos, concordaria.
Trump, porém, não especificou como o Hamas seria obrigado a aceitar a proposta se decidisse rejeitá-la.
O item 17 do plano afirma que, se o Hamas “atrasar ou rejeitar esta proposta, o acima exposto, incluindo a operação de auxílio ampliada, prosseguirá nas áreas livres de terrorismo entregues pelas IDF” ao novo órgão governamental.
De acordo com o The Jerusalem Post, autoridades do Catar garantiram a Trump e aos Estados árabes que são “capazes de persuadir o Hamas a aceitar um acordo que inclua a desmilitarização.”
Durante a reunião, a pedido do presidente Trump, Netanyahu pediu desculpas pelo ataque de Israel na capital do Catar, Doha, que teve como alvo líderes do Hamas reunidos no local.
Em uma ligação telefônica com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed Al Thani, Netanyahu “expressou seu profundo pesar pelo fato de o ataque aéreo israelense contra alvos do Hamas no Catar ter matado, acidentalmente, um militar catariano” e “expressou, ainda mais, seu pesar pelo fato de, ao atacar a liderança do Hamas durante as negociações de reféns, Israel ter violado a soberania do Catar.”
A Casa Branca acrescentou que Netanyahu também “afirmou que Israel não realizará outro ataque semelhante no futuro.”
O Catar, por sua vez, “acolheu essas garantias, enfatizando a disposição do Catar em continuar contribuindo, significativamente, para a segurança e a estabilidade regional”, o que Netanyahu também afirmou.
O Gabinete do Primeiro-Ministro divulgou citações da ligação. “Senhor Primeiro-Ministro, quero que saiba que Israel lamenta que um de seus cidadãos tenha sido morto em nosso ataque. Quero garantir que Israel tinha como alvo o Hamas, não os catarenses”, disse Netanyahu a Al Thani.
“Também quero garantir que Israel não tem planos de violar a sua soberania novamente no futuro, e assumi esse compromisso com o presidente. Sei que a sua liderança tem queixas contra Israel e que Israel tem queixas contra o Catar, desde o apoio à Irmandade Muçulmana até a forma como Israel é retratado na Al Jazeera, além do apoio ao sentimento anti-Israel nas universidades”, acrescentou Netanyahu.
Segundo o comunicado, Trump elogiou os dois líderes “por sua disposição em tomar medidas para uma maior cooperação em prol da paz e da segurança de todos.”
O Canal 12, de Israel, informou que as autoridades também discutiram a possibilidade de Israel pagar uma indenização à família do guarda.
“Foi um pedido de desculpas completo. Netanyahu também prometeu não atacar novamente o Catar”, disse uma fonte bem informada ao i24 News.
O Catar anunciou, posteriormente, que havia retomado o seu papel de mediador após o telefonema.
O pedido de desculpas foi recebido com reações furiosas de todo o espectro político israelense. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, condenou a “apaziguamento” de Netanyahu ao Catar, comparando-o ao Acordo de Munique de 1938, assinado, pelo então primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain, com a Alemanha nazista, há quase 87 anos.
O “pedido de desculpas humilhante de Netanyahu a um Estado que apoia e financia o terrorismo é uma vergonha”, escreveu Smotrich no 𝕏.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, declarou que o ataque aos “idealizadores do massacre do 7 de outubro, no Estado inimigo do Catar, foi um ataque importante, justo e profundamente moral.”
Enquanto isso, o presidente do partido israelense de extrema-esquerda “Democratas”, Yair Golan, também criticou Netanyahu: “Que humilhação. Para derrotar o Hamas, precisamos substituir tanto Bibi quanto o Catar.”