O Primeiro-Ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, conversa com a apresentadora Joumanna Bercetche durante a sessão de abertura do Fórum Econômico do Qatar 2025, em Doha, Qatar, em 20 de maio de 2025. (Foto de Noushad Thekkayilvia Reuters)
Após o ataque Israelense contra a liderança do Hamas em sua capital, Doha, o Primeiro-Ministro do Qatar, Sheikh Mohammed Al Thani, criticou Israel, que chamou de “inimigo”, mas mesmo assim prometeu continuar desempenhando um papel de mediador.
Al Thani acusou O Primeiro-Ministro Netanyahu, que ele disse ter praticado “terrorismo de Estado”, de tentar sabotar as negociações com o Hamas por meio do “traiçoeiro” ataque aéreo.
“O Qatar reserva-se o direito de responder a este ataque flagrante e tomará todas as medidas necessárias para responder”, ele afirmou, sem especificar a natureza da resposta. As forças armadas do país dependem de mercenários estrangeiros e não são capazes de atacar Israel por conta própria.
“O Qatar foi hoje alvo de um ataque terrorista Israelense, com o objetivo de minar a estabilidade e a segurança na região. Chegamos a um momento crítico e deve haver uma resposta a estas ações”, ele continuou.
“O ataque é uma mensagem para a região de que existe um agente desonesto e caos político. Netanyahu está levando a região a uma escalada irreversível”, disse ele.
“O ataque violou não apenas o direito internacional, mas também os padrões morais. O dia de hoje só pode ser descrito com uma palavra: traição. As negociações continuam a pedido dos Estados Unidos, mas Israel agiu para sabotar esses esforços.”
“O Qatar não poupou esforços e fará tudo o que puder para parar esta guerra em Gaza, mas, no que diz respeito às negociações atuais, não creio que haja algo válido neste momento, depois do que vimos no ataque de hoje”, ele acrescentou.
Al Thani também contradisse o Presidente dos EUA, Donald Trump, que disse ter avisado o Qatar antes do ataque. Al Thani afirmou que o aviso veio dez minutos depois dos ataques.
Apesar da falta de clareza sobre os líderes visados do Hamas e se eles foram mortos, Al Thani observou que as “forças de segurança do Qatar responderam imediatamente ao incidente, no qual houve mortos e feridos”.
O ataque Israelense foi quase universalmente condenado, inclusive pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que disse “sentir-se mal” com o local do ataque, mas também observou que eliminar o Hamas era um “objetivo válido”.
De acordo com o gabinete de Al Thani, Trump ligou posteriormente para o Emir do Qatar para expressar sua “solidariedade com o Estado do Qatar e sua forte condenação ao ataque à sua soberania, salientando que as soluções diplomáticas são suficientes para resolver as questões pendentes na região”.
Trump também reiterou que “o Estado do Qatar é um aliado estratégico confiável dos Estados Unidos da América, solicitando a Sua Alteza, o Emir, que continue os esforços de mediação do Qatar para acabar com a guerra na Faixa de Gaza”, disse o comunicado.
O Emir também recebeu ligações de solidariedade do Príncipe Herdeiro da Arábia Saudita, do Presidente dos Emirados Árabes Unidos e do Emir do Kuwait, que criticaram os ataques.
A Arábia Saudita, que fica ao longo da rota mais provável usada pelos caças Israelenses a caminho do Qatar, condenou a “brutal agressão Israelense”.
Mohamed Bin Zayed, Presidente dos Emirados Árabes Unidos, que fez a paz com Israel nos Acordos de Abraham há cinco anos, chamou os ataques de “ato criminoso e violação flagrante de todas as leis e normas internacionais”.
Mais críticas vieram das Nações Unidas, de estados Europeus, cujas relações com Israel se deterioraram nos últimos meses, mas também de aliados como a Alemanha e o Japão.
O Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, disse aos repórteres que o Qatar é “um país que tem desempenhado um papel muito positivo para alcançar um cessar-fogo e a libertação de todos os reféns”, e condenou “esta violação flagrante da soberania e integridade territorial do Qatar”.
O Conselho de Segurança da ONU discutirá a questão em uma reunião de emergência na quarta-feira.
O Presidente da França, Emmanuel Macron, disse que o ataque foi “inaceitável, qualquer que seja o motivo”, e expressou “solidariedade com o Qatar e seu Emir”.
“Sob nenhuma circunstância a guerra deve se desdobrar por toda a região”, ele acrescentou.
O primeiro-ministro Britânico, Keir Starmer, “condenou” os ataques, dizendo violarem “a soberania do Qatar e arriscarem uma escalada ainda maior em toda a região”.
Outros países que condenaram Israel incluíram Canadá, Itália, Espanha, Rússia, Turquia; os parceiros de paz de Israel, Jordânia, Egito e Marrocos e seus vizinhos, Líbano, Síria e a Autoridade Palestina.
O Chanceler Alemão, Friedrich Merz, que até agora não se juntou aos seus parceiros Europeus no reconhecimento de um estado Palestino ou na declaração de ministros Israelenses como personae non gratae, considerou os ataques Israelenses “inaceitáveis”, durante uma chamada telefónica com o emir do Qatar.
Merz descreveu o ataque como uma “violação da soberania e integridade territorial do Qatar” e alertou contra a desdobramento do conflito por toda a região, de acordo com uma declaração do governo Alemão.
O Secretário-Chefe do Gabinete do Japão, Yoshimasa Hayashi, também afirmou que a operação prejudicou os esforços diplomáticos de paz “e ameaça a soberania e a segurança do Qatar e, em última instância, a estabilidade da região. Nosso país condena isso veementemente”.