Pessoas caminham pela rua al-Rashid, na parte oeste de Jabalia, em direção a caminhões que transportam ajuda humanitária, após entrarem na parte norte da Faixa de Gaza, pela passagem fronteiriça de Zikim, controlada por Israel, em 27 de julho de 2025. (Foto: IMAGO/APAimages via Reuters)
Após o estabelecimento aparentemente bem-sucedido de uma zona livre do Hamas no sul da Faixa de Gaza pela milícia das Forças Populares liderada por Yasser Abu Shabab, uma milícia semelhante surgiu na parte norte do enclave, de acordo com relatos Palestinos.
Nos últimos meses, o grupo liderado por Abu Shabab e tacitamente apoiado por Israel “conquistou vários quilômetros quadrados de terra que há gerações são o lar da minha tribo Beduína, os Tarabin”, escreveu Abu Shabab em uma coluna publicada no Wall Street Journal no último fim de semana.
No domingo, o Israel Hayom citou fontes Palestinas que afirmaram que uma nova milícia, a qual alegaram ter sido “criada pelas IDF”, surgiu na área de al-Baduya, no norte de Gaza, e está ajudando os militares Israelenses a combaterem o Hamas.
De acordo com a reportagem, a nova milícia está sendo liderada por Baha Balousha, um oficial das forças de segurança da Autoridade Palestina (AP) que mantém contato com a liderança da AP em Ramallah.
Balousha, que é supostamente descendente de uma família proeminente em Gaza, mantém laços fortes com altos funcionários da Autoridade Palestina e atuou como um importante intermediário “gerenciando passagens de fronteira, troca de mensagens com Israel e questões financeiras”, informou o Israel Hayom.
Ao contrário da milícia Shabab, que está ativamente envolvida em combates contra o Hamas, o grupo de Balousha está supostamente focado — por enquanto — em reunir informações de inteligência para apoiar as operações das IDF dentro do enclave.
Embora fontes dentro de grupos terroristas baseados em Gaza aleguem que a força sob seu comando tem menos de 10 membros, o Hamas parece suficientemente preocupado, a ponto de ter começado a emitir ameaças contra eles.
Os meios de comunicação afiliados ao Hamas propuseram anistia aos membros do grupo se eles parassem de colaborar com Israel, alertando que aqueles que não o fizessem seriam “punidos”.
A reportagem também mencionou alegações de que Balousha e Abu Shabab estão em contato, possivelmente para coordenar suas atividades.
Em um dos sinais mais claros da crescente preocupação do Hamas com o fenômeno, fontes dentro do grupo alegaram que as IDF pretendem estabelecer milícias adicionais inspiradas nele – sugerindo que o Hamas as vê como uma ameaça genuína.
“Enquanto a maior parte de Gaza continua sofrendo com a guerra em curso entre o Hamas e Israel, as coisas são muito diferentes para milhares de pessoas que vivem no leste de Rafah – para nós, a guerra já acabou”, escreveu Abu Shabab em sua coluna.
“Não somos um movimento ideológico, mas pragmático. Nosso objetivo principal é separar do fogo da guerra, os Palestinos que não têm nada a ver com o Hamas.”
Ele afirmou que, graças ao trabalho de suas centenas de homens armados, seu bairro está livre do Hamas há sete semanas, com patrulhas armadas repelindo tentativas de entrada de outros grupos armados.
“Como resultado, a vida aqui não parece mais com a vida em Gaza. No leste de Rafah, as pessoas têm acesso a abrigo, comida, água e suprimentos médicos básicos – tudo sem medo de que o Hamas roube a ajuda, ou de serem pegos no fogo cruzado com os militares Israelenses.
“Isso não deveria ser uma exceção em Gaza – pode ser o modelo, a nova norma. A grande maioria dos habitantes de Gaza rejeita o Hamas. Eles não querem que ele permaneça no poder após o fim da guerra.”
“Mas, apesar de odiarem o Hamas, ainda têm medo dele”, ele enfatizou, observando que sua própria família só se voltou contra o grupo terrorista depois que ele matou seu irmão e seu primo.
Abu Shabab concluiu: “Do leste de Rafah – onde as famílias agora dormem em segurança sob proteção civil – posso ver o futuro de Gaza. A questão é: o mundo vai nos ajudar a construí-lo, livre das ideologias de violência e terror?”