Ilustração: Airbus A320-214 da Vueling no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, França (2008). (Foto: Wikimedia Commons)
Cerca de 50 crianças Judias francesas e sua monitora foram retiradas de um voo da Vueling Airlines em Valência na noite de quarta-feira, em um incidente que algumas testemunhas descreveram como motivado por antissemitismo.
Imagens do local mostram a líder do acampamento, uma mulher de 21 anos, sendo mantida no chão, algemada e presa após ter sido supostamente espancada por policiais.
A polícia também teria confiscado seu celular, liberando-a somente após ela assinar um acordo de confidencialidade sobre o incidente.
Comentando sobre a notícia da assinatura forçada de um acordo de confidencialidade, Seth Frantzman, Analista de Segurança do Jerusalem Post, comentou: “Isso parece algo que a polícia pode exigir? As pessoas não têm direitos? Parece que são necessárias muito mais informações. Isso requer atenção da mídia e, provavelmente, uma investigação política ou jurídica para se saber toda a história.”
O grupo estava voltando de Valência para Paris. De acordo com relatos da mídia e testemunhas, as crianças, com idades entre 10 e 15 anos, começaram a cantar músicas em Hebraico antes da decolagem.
A mãe de uma das crianças disse ao i24 News que, depois de serem solicitadas a parar, as crianças não continuaram, mas os policiais embarcaram no avião e ordenaram que o grupo saísse mesmo assim.
Outra mãe, Karine Lamy, disse ao Ynet News que seu filho foi ameaçado pela tripulação depois de cantar em Hebraico. “Eles disseram a ele: ‘Se você continuar, chamaremos a polícia’”, ela disse.
Muitas das crianças usavam trajes religiosos Judaicos tradicionais, como kippahs (turbantes) e tzitzit (franjas).
Em uma postagem no 𝕏, o Ministro da Diáspora de Israel, Amichai Chikli, afirmou que a tripulação da companhia aérea chamou Israel de “Estado terrorista”, uma alegação posteriormente confirmada por testemunhas.
“Em linha com a campanha de mentiras do Hamas, repetida pela Al Jazeera, Haaretz e outros, estamos vendo vários incidentes antissemitas graves recentemente; este é um dos mais sérios”, escreveu Chikli.
A Vueling negou as acusações de antissemitismo, alegando que sua equipe agiu depois que o comportamento do grupo Judaico“comprometeu a integridade do voo” e colocou em risco os passageiros.
As crianças estavam “envolvidas em um comportamento altamente perturbador e adotaram uma atitude muito agressiva, colocando em risco a segurança do voo”, alegou a companhia aérea, acrescentando que elas “manipularam indevidamente o equipamento de emergência e atrapalharam ativamente a demonstração obrigatória de segurança” e ignoraram “várias advertências”, levando a tripulação a alertar a polícia.
A companhia aérea alegou ainda que a prisão da líder do grupo se deveu à sua “atitude violenta”.
De acordo com o Ynet, a polícia disse às crianças para deixarem seus celulares no chão para evitar que filmassem. Quando a líder do acampamento protestou, a polícia a algemou e prendeu.
Mais tarde, o grupo foi informado de que o “barulho” foi o motivo oficial para sua remoção.
O Ministério das Relações Exteriores anunciou posteriormente que a maioria do grupo havia chegado ao seu destino ou embarcado em voos alternativos, após ficarem retidos em Valência por horas.
O Ministério das Relações Exteriores e a Embaixada de Israel em Madri “mantiveram contato contínuo” com as autoridades do aeroporto após o incidente, informou o ministério.
“Israel, o Ministério das Relações Exteriores e as missões de Israel em todo o mundo continuarão a agir e prestar assistência aos Israelenses e Judeus em perigo, onde quer que estejam.”
“As crianças estão em choque”, disse Lamy. “Parece que voltamos a 1939. Este é um ato flagrante de antissemitismo contra menores que não fizeram nada de errado.”
“A Vueling nem sequer ofereceu um voo alternativo. Abandonou-os. Uma mulher de 21 anos foi algemada porque as crianças estavam cantando. Voltamos aos dias mais sombrios da guerra. E nem estou falando do trauma emocional que isso causou às nossas crianças.”