O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao lado do Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, após uma reunião na Casa Branca, em Washington D.C., em 7 de abril de 2025. Foto de Liri Agami/Flash90
O Presidente dos EUA, Donald Trump, opôs-se a ataques militares contra o Irã por enquanto e disse ao Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que ele deveria se esforçar para acabar com a guerra contra o Hamas em Gaza de forma rápida e permanente, de acordo com relatos da mídia.
As novas revelações seguiram-se a uma surpreendente chamada telefônica na segunda-feira entre os líderes, que ocorreu antes de Trump convocar uma sessão estratégica sobre o Oriente Médio com sua equipe de política externa em Camp David.
Na terça-feira, a mídia Israelense caracterizou a conversa de 40 minutos como “tensa”, já que Netanyahu estaria pressionando por uma ação militar contra o programa nuclear Iraniano, apesar das negociações em andamento entre os EUA e o Irã, enquanto a Guerra de Gaza não parece estar perto do fim.
Em relação ao Irã, o Canal 12 informou que Trump não afirmou claramente se Israel receberia luz verde para atacar por conta própria ou se Washington assumiria um papel ativo. De qualquer forma, Trump afirmou que as conversas sobre os ataques só seriam realizadas depois que ele determinasse que as negociações haviam fracassado.
Trump quer continuar as negociações, de acordo com a reportagem, apesar da insatisfação de Washington com a conduta do Irã e suas últimas respostas.
Netanyahu disse a Trump que “as negociações com o Irã são inúteis, o Irã está brincando com você e tudo o que está tentando fazer é ganhar tempo”, informou o Kan News. “Suas declarações sobre um ataque ao Irã não estão ajudando. Estamos trabalhando em um acordo”, teria respondido Trump.
Apesar dos relatos de desacordos, Trump disse aos repórteres após a ligação que o Irã continua a fazer exigências que “simplesmente não são aceitáveis”, particularmente o enriquecimento de urânio, que também é uma linha vermelha para Jerusalém.
Jason Brodsky, especialista em Irã do think tank United Against Nuclear Iran, aconselhou o governo Trump a não se deixar “encurralar pelas ‘linhas vermelhas’ do regime do Irã, como fez o governo Obama ao assinar um acordo ruim que fracassou”.
“Não são os EUA que enfrentam uma crise energética, uma crise econômica, uma crise de dissuasão e uma crise de confiança entre o Estado e a sociedade. Mas o Irã está enfrentando esses desafios. Ele não tem cartas na manga. Os EUA têm e devem começar a agir como tal”, escreveu Brodsky no 𝕏.
Antes da reunião de Camp David na segunda-feira, um alto funcionário dos EUA disse ao veículo de notícias Axios que Trump via a questão nuclear do Irã e a guerra em Gaza, duas áreas em que a política dos EUA enfrentou reveses recentemente, como interligadas.
Em relação a Gaza, Trump teria expressado insatisfação com a “proposta Witkoff” que está sendo discutida atualmente. Ela prevê um cessar-fogo de 60 dias em troca de cerca de 10 reféns, mas não incluiria o fim permanente da guerra.
Um fim rápido e permanente daria impulso tanto às discussões nucleares com o Irã quanto às negociações diplomáticas com a Arábia Saudita, teria dito Trump.
Os líderes Israelenses têm expressado ceticismo crescente em relação aos esforços dos EUA para um acordo negociado com o Irã, bem como ao papel do Qatar, aliado dos EUA, nas negociações sobre os reféns.
Essas declarações foram repetidas pelo Embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee, em uma recente participação em um podcast no Free Press.
Sobre os esforços de negociação do enviado da Casa Branca, Steve Witkoff, Huckabee disse: “Tenho muitas dúvidas se... as negociações com pessoas que estão inerentemente patrocinando coisas malignas serão confiáveis para fazer a coisa certa, a melhor coisa e a coisa boa quando realmente chegar a hora”.
Na terça-feira, o comandante cessante do CENTCOM dos EUA, General Erik Kurilla, considerado um amigo de Israel e um importante aliado militar, disse ao Comitê de Serviços Armados da Câmara que havia fornecido ao presidente e ao Secretário de Defesa Pete Hegseth “uma ampla gama de opções” para ação militar caso as negociações fracassassem.
No entanto, ele também disse que as tropas dos EUA na região estariam em perigo de retaliação Iraniana se Israel decidisse lançar um ataque contra o programa nuclear.