Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao lado dos principais assessores da Casa Branca, Steve Witkoff e Jared Kushner, na reunião do gabinete antes da votação — 10 de outubro de 2025 (Foto: Ma'ayan Toaf / GPO)
Um cessar-fogo entre Israel e a organização terrorista Hamas entrou em vigor na madrugada desta sexta-feira, quando as Forças de Defesa de Israel começaram a retirar suas tropas logo após o governo aprovar, formalmente, o acordo proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A retirada deve ser concluída em 24 horas, deixando as FDI no controle de 53% da Faixa de Gaza, incluindo um perímetro ao redor de sua fronteira, o qual inclui o Corredor Filadélfia ao longo da fronteira entre o Egito e Gaza.
Assim que o processo for concluído, espera-se que o Hamas libere todos os 48 reféns israelenses restantes nas próximas 72 horas.
Nas últimas horas antes da vigência do cessar-fogo, um soldado israelense da reserva foi morto por um atirador do Hamas na cidade de Gaza, anunciou o IDF.
O soldado foi identificado como o sargento de primeira classe (reserva) Michael Mordechai Nachmani (26), de Dimona, que servia no 614º Batalhão de Engenharia de Combate das FDI.
Por volta das 12h30, após horas de deliberações e discussões, o governo israelense anunciou que “aprovou a estrutura para a libertação de todos os reféns – vivos e mortos.”
O Gabinete do Primeiro-Ministro não incluiu a contagem dos votos em seu comunicado. No entanto, a mídia israelense informou que todos os ministros dos partidos Sionismo Religioso e Poder Judaico se opuseram ao acordo, com exceção do ministro da Imigração, Ofir Sofer.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, juntamente com o ministro do Negev, Galiléia e Resiliência Nacional, Yitzhak Wasserlauf, e o ministro do Patrimônio, Amichay Eliyahu, do partido Poder Judaico, votaram contra.
Do partido Sionismo Religioso, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e Orit Strock, ministra dos Assentamentos Israelenses e Projetos Nacionais, se opuseram ao acordo de cessar-fogo.
O genro do presidente Trump, Jared Kushner, e seu enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff, participaram da reunião do Gabinete por cerca de uma hora.
O partido de Ben Gvir prometeu permanecer no governo, por ora, mas derrubá-lo se o Hamas não for desmantelado. De acordo com o canal Kan News, ele também entrou em conflito com Witkoff e Kushner durante a reunião.
Ben Gvir teria se oposto à libertação de terroristas palestinos específicos da prisão, causando um atraso significativo nos procedimentos. Ele teria confrontado Kushner e Witkoff, argumentando que os Estados Unidos nunca libertariam tais terroristas em circunstâncias semelhantes.
Mais tarde, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu dirigiu-se ao Gabinete na presença deles, ressaltando que o objetivo da guerra de libertar “todos os reféns, vivos e mortos” estava prestes a ser alcançado.
“Não teríamos conseguido isso sem a ajuda extraordinária do presidente Trump e sua equipe, Steve Witkoff e Jared Kushner. Eles trabalharam incansavelmente com [o ministro de Assuntos Estratégicos] Ron [Dermer] e sua equipe, nossa equipe. Isso, somado à coragem de nossos soldados que entraram em Gaza, exerceu uma pressão militar e diplomática combinada que isolou o Hamas.”
Witkoff atuou como o principal mediador dos EUA nas negociações de cessar-fogo desde o início do segundo mandato de Trump na Casa Branca. Ele e Kushner, que se juntou às negociações nos últimos meses, chegaram ao Egito na quarta-feira, pouco antes de o acordo ser alcançado.
Em sua declaração, Kushner enfatizou que as conquistas “não teriam sido possíveis sem a bravura das FDI e dos soldados... não apenas em Gaza, mas também pelo que fizeram nos últimos dois anos para eliminar o Hezbollah, no norte, e realmente enfraquecê-los, o que vocês foram capazes de fazer no Irã.”
Kushner acrescentou: “Sei que muitos de vocês, provavelmente todos vocês, têm familiares e amigos que participaram desse esforço, realmente colocaram seus sacrifícios em risco para lutar pelo seu país e tentar fazer a diferença.”
Kushner elogiou especificamente Netanyahu, dizendo-lhe que ele “realmente fez um trabalho incrível com isso e fez um ótimo trabalho nas negociações. Você manteve suas posições firmes.”
Witkoff também reconheceu o “trabalho árduo” que Netanyahu enfrenta para proteger o país e “tomar decisões difíceis sobre o quanto ser duro com o Hamas, quando ser flexível e quando não ser flexível.”
“Houve momentos em que achei que deveríamos ser mais flexíveis, ou que seu país deveria ser mais flexível. Mas a verdade é que, olhando para trás, não acho que chegaríamos a este ponto sem o primeiro-ministro Netanyahu ter agido assim... O meu presidente acredita nisso. Ele acredita que o primeiro-ministro Netanyahu tomou algumas decisões muito, muito difíceis. E pessoas menos capazes não teriam tomado essas decisões. E aqui estamos hoje porque o Hamas teve de o fazer. Eles tiveram de fazer este acordo. A pressão estava sobre eles.”