O Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu, o Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, Eyal Zamir, e o Ministro da Defesa, Israel Katz, no Fórum do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, em 30 de junho de 2025. (Foto: Maayan Toaf/GPO)
O gabinete de segurança Israelense se reunirá na noite de quinta-feira para votar um plano de ocupação total de Gaza, a fim de derrotar o Hamas na Faixa de Gaza, apesar da oposição do Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, Tenente-General Eyal Zamir.
Vários detalhes do plano foram publicados na mídia Hebraica na noite de quarta-feira, os quais prevêem uma operação militar em grande escala, que envolveria a entrada de cinco divisões das Forças de Defesa de Israel na Faixa de Gaza, a fim de tomar a cidade de Gaza e os campos centrais. Estima-se que essa operação possa levar cinco meses.
O plano também prevê a transferência de até um milhão de Palestinos evacuados das áreas centrais da Faixa para a região sul, e o foco da distribuição de ajuda humanitária nessa área. Não está claro nos relatórios se isso envolveria o plano para uma cidade humanitária em Rafah, proposto pelo Ministro da Defesa Israel Katz, ao qual Zamir também se opôs.
A votação do plano proposto terá lugar na reunião do gabinete de segurança marcada para as 18:00 de quinta-feira. Embora vários ministros, como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Sa'ar, não sejam favoráveis ao plano de ocupação da Faixa de Gaza, analistas políticos em Israel acreditam que o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu provavelmente garantirá a maioria na votação.
Espera-se que Zamir, chefe das Forças de Defesa de Israel, apresente ao gabinete de segurança, antes da votação, suas preocupações sobre o plano, juntamente com várias alternativas. Reportagens da mídia Hebraica, nos últimos dias, indicam que Zamir poderia estar considerando renunciar ao cargo se o gabinete votar pela ocupação de Gaza, devido à sua convicção de que tal operação colocaria em risco os reféns e levaria a um fardo significativo para as Forças de Defesa de Israel.
O líder da oposição e presidente do Yesh Atid, Yair Lapid, se reuniu com Netanyahu para sua reunião regular de segurança na quarta-feira, a qual durou cerca de 40 minutos. Lapid falou à mídia Hebraica após a reunião e expressou sua oposição à ocupação de Gaza.
“Normalmente não compartilho informações de conversas com o primeiro-ministro”, afirmou Lapid, “mas eu disse a ele que ocupar Gaza é uma péssima ideia. Você não toma uma medida dessas a menos que a maioria do povo esteja do seu lado. O povo de Israel não está interessado nessa guerra. Pagaremos um preço muito alto por ela, tanto em vidas humanas quanto em bilhões do dinheiro dos contribuintes Israelenses”.
Lapid disse que Israel deveria pedir ajuda ao Egito para governar a Faixa de Gaza.
“Em vez de uma ocupação e anexação desnecessárias de Gaza, precisamos trazer o Egito para a Faixa, para que haja outro governo lá para administrar Gaza em nosso lugar e, então nos voltarmos para o que é importante: eliminar o Hamas. Mas isso levará tempo. Ocupar Gaza é uma péssima ideia do ponto de vista operacional, moral e econômico.”
Após as notícias sobre o plano na mídia Hebraica na noite de quarta-feira, centenas de pessoas se reuniram para protestar contra o plano perto do quartel-general militar de Kirya, em Tel Aviv, alertando: “Se a decisão do gabinete amanhã for sacrificá-los [os reféns], vamos à loucura”.
O Fórum dos Reféns e Famílias Desaparecidas pediu a Zamir que não renunciasse, mas que “defendesse sua opinião e a vontade do povo”.
No entanto, um ex-comandante das Forças de Defesa de Israel (IDF) expressou na quarta-feira seu apoio a um plano para ocupar Gaza.
O Brigadeiro-General (reserva) Erez Wiener, ex-assessor do chefe do Estado-Maior das IDF e chefe da equipe de planejamento operacional do Comando Sul, disse à rádio 103FM que “é possível conquistar Gaza e é necessário conquistar Gaza”.
Wiener compartilhou três princípios para alcançar a vitória em Gaza: controle total da ajuda humanitária, separação da população civil do Hamas, e conquista da cidade de Gaza, o último reduto do Hamas.
Na entrevista, Wiener disse que não há chance de um acordo para a libertação dos reféns no momento.
“Todos entendem que não há acordo. Não é verdade que eles vão devolvê-los em troca de um cessar-fogo”, afirmou.
Ele também rebateu as críticas a Netanyahu nas negociações, dizendo que ele foi “além do esperado” para chegar a um acordo.
“Não devemos enganar as pobres famílias — não há tal acordo”, disse Wiener. “Netanyahu fez muito, além do esperado, para chegar a um acordo.”
Ele disse que, antes de se tornar chefe de gabinete, Zamir viu e aprovou um plano semelhante ao que ele está sugerindo.
“Antes de ser nomeado chefe de gabinete, ele estava familiarizado com o plano que foi apresentado a Herzi Halevi, e disse que não era agressivo o suficiente”, afirmou Wiener.
Ele continuou dizendo que Zamir elaborou um plano semelhante que levaria 100 dias ou menos para ser concluído. Wiener disse que conquistar a cidade de Gaza é imperativo. “Vamos conquistar a cidade de Gaza e realocar a população restante de lá”, ele afirmou.