Samir Hulileh, CEO da PADICO, a maior holding Palestina. (Foto: Facebook)
Quem governará Gaza após a guerra tem sido uma das questões mais discutidas nos últimos dois anos de conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
Com a decisão do gabinete Israelense de assumir o controle do restante do enclave, o que provavelmente levará ao fim da guerra, as discussões sobre o assunto foram retomadas.
O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, evitou respostas diretas quando questionado sobre o assunto no início desta semana.
Em conversa com jornalistas estrangeiros, o primeiro-ministro disse que quer “uma administração civil pacífica e não Israelense. Com isso, quero dizer uma administração civil que não eduque suas crianças para o terror, não pague terroristas e não lance ataques terroristas contra Israel. É isso o que queremos ver em Gaza”.
“Portanto, não será nem o Hamas nem a Autoridade Palestina. Esse é o nosso plano”, ele disse, sem dar mais detalhes.
No entanto, o Ynet News noticiou na terça-feira que o governo Trump e vários outros grupos têm trabalhado nos bastidores para encontrar uma resposta e, recentemente, indicaram um empresário palestino com ligações com a Autoridade Palestina (AP) para governar Gaza após a remoção do Hamas do poder.
De acordo com a reportagem, baseada em contatos da ONG SHOMRIM pró-democracia Israelense com pessoas envolvidas na iniciativa, Samir Hulileh é o candidato a se tornar governador de Gaza, sob os aplausos da Liga Árabe.
Hulileh é considerado aceitável tanto por Israel quanto pelo governo Trump.
O economista de formação ocupou vários cargos importantes na Autoridade Palestina, incluindo secretário-geral do governo, vice-ministro da Economia e Comércio, presidente do conselho do Instituto de Pesquisa de Política Econômica da Palestina, membro do conselho do Centro de Comércio da Palestina e CEO da PADICO, a maior holding Palestina.
Em entrevista ao Ynet, Hulileh confirmou que está trabalhando para se candidatar ao cargo, mas observou que a ideia partiu de Ari Ben-Menashe, um controverso lobista e ex-Israelense que agora vive no Canadá.
Questionado sobre sua opinião a respeito do possível fim da guerra, Hulileh disse que um cessar-fogo é essencial. “Só então poderemos falar sobre o pós-guerra em Gaza”, ele afirmou.
Sobre possíveis políticas, ele disse que gostaria de ver “pelo menos 600 a 1.000 caminhões de ajuda humanitária por dia” entrando no enclave por quatro a cinco passagens comerciais sem restrições, estimando que a reconstrução exigiria US$ 53 bilhões em investimentos dos EUA, da UE e dos países do Golfo.
Ele também observou que a lei e a ordem em Gaza precisariam ser restauradas por uma autoridade que não fosse “nem da Autoridade Palestina nem do Hamas”, ecoando a formulação de Netanyahu.
Na época, ele expressou otimismo de que a guerra poderia estar perto do fim; no entanto, Israel decidiu tomar o controle da Faixa de Gaza depois que o Hamas se retirou das negociações.
“O plano é terminar a guerra, não a prolongar. Pensamos que as negociações devem mudar para tudo ou nada — acabar com a guerra e trazer todos os reféns para casa ao mesmo tempo. Só assim”, disse Hulileh.
Ben-Menashe registrou-se oficialmente como lobista da Hulileh nos EUA há vários meses e disse ao Ynet que sua campanha avançou após reuniões com oficiais do Qatar, Arábia Saudita e Egito.
Em conversa com Shomrim, Ben-Menashe argumentou que a medida beneficiaria Israel e tem pelo menos o apoio tácito de autoridades dos EUA, bem como do Egito e da Arábia Saudita, duas potências líderes da Liga Árabe, sob cuja égide Hulileh governaria.
Documentos judiciais apresentados por Ben-Menashe mostram que ele também defende que forças dos EUA e Árabes sejam mantidas em Gaza, o reconhecimento da ONU de um status especial para o enclave, o arrendamento de terras do Egito para um aeroporto e porto marítimo na península do Sinai e várias outras ideias.
