A organização Palmach auxilia na imigração Judaica para Israel, 18 de julho de 1947. (Foto: Arquivo Palmach via Wikimedia Commons)
A Dra. Miri Nehari, da Associação Habricha Legacy, reuniu-se com o jornalista Cristão Paul Calvert para relatar a saga pós-Holocausto da “Bricha” – um movimento clandestino que transportou sobreviventes do Holocausto pela Europa até a terra de Israel.
Nehari explicou que a Bricha começou na Europa entre 1945 e 1949, desde o fim da Segunda Guerra até depois da fundação do Estado de Israel.
Os líderes da Bricha foram responsáveis por organizar a migração de aproximadamente 300.000 refugiados Judeus, sobreviventes do Holocausto, da Europa Oriental para os portos do Mediterrâneo, a caminho de Israel. Eles organizaram ajuda mútua e traçaram rotas para a Palestina Mandatória controlada pelos Britânicos.
A história de sua própria família faz parte dessa narrativa. O pai de Nehari, Zvi Melnitzer (Netzer), sobreviveu aos campos de trabalho forçado e desumano conhecidos como Gulag, ajudou crianças Judias em Teerã e, a pedido dos líderes da Mossad, retornou à Europa para liderar a Bricha na Polônia.
“Então, a Habricha foi... é um movimento que foi iniciado pelos sobreviventes do Holocausto, que eu penso... é uma boa maneira de dizer que eles tiveram que escolher e eles escolheram a vida.” Os sobreviventes criaram identidades e cruzaram fronteiras a pé, de caminhão e de trem, parando em campos de Pessoas Desabrigadas (DP) antes de se deslocarem para os portos do Mediterrâneo. De lá, eles embarcaram na parte marítima da viagem – a Ha’apala (Aliyah Bet ou imigração não autorizada) – viagens que muitas vezes eram interceptadas pelos Britânicos e desviadas para Chipre.
Nehari disse a Calvert que os refugiados não queriam ficar na Europa, afirmando: “Eles se recusaram a ficar, a maioria deles, não todos, se recusaram a ficar na Europa, que se tornara o grande cemitério Judaico.”
Sob a liderança de seu pai, Netzer, foram organizadas rotas de fuga para o norte, em direção à Alemanha, e para o sul, passando pela Tchecoslováquia e Áustria, permitindo que muitos sobreviventes do Holocausto pudessem seguir em direção à segurança e a um futuro. Após a guerra, ele passou a servir na Nativ, um órgão secreto do governo Israelense que ajudava Judeus presos atrás da Cortina de Ferro a fazer aliyah (imigrar para Israel).
A entrevista destacou a política Britânica que impediu o movimento Judaico por terra e mar, apesar das informações extensas sobre as redes Bricha. Apenas alguns navios conseguiram passar pelos bloqueios; a maioria foi parada e seus passageiros, conhecidos como “ma’apilim” (imigrantes ilegais), foram enviados para Chipre.
No entanto, a criatividade da Bricha muitas vezes superou os esforços oficiais.
Quando questionada sobre o ataque de 7 de outubro pelo Hamas e o atual aumento do antissemitismo em todo o mundo, Nehari fez uma distinção significativa em relação à era Bricha.
“A diferença é que temos um país, um país na família dos países do mundo.” A lição prática que ela recomenda aos Israelenses é simples e humana: “Estou dizendo a nós, Israelenses, se novas pessoas vierem para Israel, recebam-nas bem.”
Em relação aos Cristãos, ela diz: “Acho que os Cristãos e qualquer pessoa, qualquer boa pessoa, muitos Cristãos são boas pessoas, devem combater o antissemitismo.” Ela também disse que ora para que “a guerra termine e que possamos viver em paz” com os vizinhos Árabes de Israel na região do Oriente Médio.
Nehari disse que a missão da Habricha é preservar a memória desse capítulo heróico da história e resiliência Judaica, e garantir que receba o devido reconhecimento.
A organização está trabalhando para desenvolver iniciativas educacionais e, com o tempo, para fundar um museu. Administrada inteiramente por voluntários, a associação aceita apoio público.
Nehari é psicóloga clínica, educacional e da saúde e diretora da Habricha Legacy Association.
Clique abaixo para ouvir a entrevista completa de Paul Calvert com a Dra. Miri Nehari.