As famílias dos reféns israelenses libertados Elkana Bohbot, Gali e Ziv Berman e Yosef-Chaim Ohana, atualmente no Centro Médico Sheba, fizeram sua primeira declaração à mídia — 14 de outubro de 2025. (Foto: Uriel Even Sapir)
As famílias dos 20 reféns que retornaram do cativeiro do Hamas, em Simchat Torá, começaram a divulgar pronunciamentos sobre o estado de seus entes queridos, após dois anos em cativeiro.
Como já ficou claro em alguns vídeos de propaganda do Hamas, os reféns foram mantidos em péssimas condições, e a maioria recebeu apenas o mínimo de comida necessário para mantê-los vivos durante esse período. Algumas das declarações das famílias refletem o estado difícil em que os reféns retornaram.
Ao mesmo tempo, muitas das famílias agradeceram ao povo de Israel, às FDI e, especialmente, ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por ajudar a garantir a libertação dos reféns. Curiosamente, algumas das famílias omitiram o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de seus agradecimentos, refletindo as opiniões divididas entre os israelenses sobre o desempenho de Netanyahu durante a guerra.
Algumas das famílias também pediram que fosse criada uma comissão estadual de inquérito, entre elas Lishay Miran-Lavi, esposa do refém libertado Omri Miran.
“Quero agradecer ao povo de Israel por nunca ter desistido de nós e por lutar como se cada um de vocês fosse um membro da nossa família”, postou Miran-Lavi no 𝕏.
“Também quero agradecer à nossa incrível família e, especialmente, aos corajosos homens e mulheres das FDI”, continuou ela. “Estou muito feliz com a ideia de milhares de soldados voltando para casa, vidas preciosas preservadas e as famílias dos reservistas que, ao nosso lado, podem começar sua jornada de recuperação.”
Miran-Lavi agradeceu ao presidente Trump, ao enviado especial Steve Witkoff, ao secretário de Estado Marco Rubio e até mesmo ao governo húngaro pela ajuda na libertação dos reféns. (Omri Miran também tem cidadania húngara.) No entanto, ela não agradeceu ao primeiro-ministro Netanyahu.
Em uma postagem no 𝕏, em hebraico, Miran-Lavi também mencionou as famílias dos reféns falecidos, escrevendo: “O mínimo que podemos fazer por eles, como país, é fornecer respostas.”
“Ontem, nossa jornada nacional de reabilitação começou, como povo. Uma jornada que não pode terminar até que o último refém retorne e até que uma comissão estadual de inquérito seja estabelecida”, escreveu ela. “E faremos parte dessa luta. Até o último refém. Até o estabelecimento de uma comissão de inquérito.”
Anat Angrest, mãe do refém Matan Angrest, disse que seu filho lhe contou sobre os intensos combates antes de ser capturado e sobre a bravura de seus companheiros mortos.
“Uma das primeiras coisas que Matan me disse quando o vi foi: ‘Mãe, você precisa saber – nós estávamos sozinhos, mas lutamos e matamos muitos terroristas’”, relatou Anat.
“Em lágrimas, ele falou sobre como está orgulhoso de seus corajosos companheiros que foram mortos nas difíceis batalhas: Tomer Leibovitz, Daniel Peretz e Itay Chen. Matan precisa de um lugar para honrar a memória deles. Esses heróis merecem ser enterrados no país pelo qual lutaram.”
Angrest também expressou frustração com o governo, ao mesmo tempo em que pediu que o país se mantenha firme até que os restos mortais de todos os reféns falecidos sejam devolvidos.
“Infelizmente, eu e minha família aprendemos, em primeira mão, ao longo dessa jornada, como é ser deixado para trás, e não podemos permitir que isso aconteça com nenhuma outra família”, disse Anat Angrest. “Não descansaremos até que todos retornem; até que o último refém volte para casa.”
Em entrevista coletiva na noite de terça-feira, Anat criticou a oposição política que impediu acordos prévios de cessar-fogo para a libertação dos reféns.
“Quando olho para o meu filho, é difícil para mim pensar que havia pessoas dispostas a desistir dele”, disse Anat. “É difícil para mim pensar que o acordo que trouxe meu Matan de volta foi assinado apesar de alguns líderes, e não graças a eles; que era possível encurtar esse tempo terrível para o meu Matan e salvar mais 49 reféns, para os quais já é tarde demais.”
A família de Avinatan Or explicou que ele tentou escapar do cativeiro em determinado momento, o que resultou em condições mais severas, incluindo ser trancado em uma jaula como castigo.
“Ele foi algemado às grades. Era um local com grades de 1,80m de altura, e o comprimento era o comprimento do colchão e mais um pouco; a largura era a largura do colchão e mais um pouco. Chamemos isso de jaula”, explicou o pai de Avinatan, Yaron, ao veículo Kan News.
A família de Or também explicou que ele ficou isolado durante os dois anos inteiros, com apenas terroristas do Hamas ao seu redor. Ele não tinha conhecimento do que estava acontecendo em Israel e não cruzou com nenhum outro refém.
A parceira de Avinatan, a também ex-refém Noa Argamani, postou uma mensagem no 𝕏 logo após o reencontro, depois de terem sido separados no 7 de outubro, em uma cena que foi gravada e amplamente compartilhada online.
Em sua postagem, Argamani agradeceu aos soldados das FDI, ao presidente dos Estados Unidos, Trump — juntamente com outras autoridades americanas —, e aos ativistas que se mobilizaram pelos reféns nos últimos dois anos.
Noa Argamani no X @ArgamaniNoa Dois anos. Dois anos se passaram desde a última vez que vi Avinatan, o amor da minha vida. Dois anos desde o momento em que terroristas nos sequestraram, me colocaram em uma motocicleta e me arrancaram de Avinatan diante dos olhos do mundo inteiro. A partir daquele momento, nossa jornada em cativeiro foi…
“Cada um de nós enfrentou a morte inúmeras vezes, e, ainda assim, após dois anos separados, estamos, finalmente, dando os primeiros passos juntos, outra vez, no Estado de Israel”, escreveu Argamani.
Yehuda Cohen, pai do refém Nimrod Cohen, disse que seu filho está se adaptando ao retorno a Israel após dois anos em cativeiro.
“Ele está se acostumando, voltando a ser ele mesmo. Do ponto de vista da família, nós alcançamos o nosso objetivo”, disse Yehuda. “Mas nós lutamos por isso durante dois longos anos.”
O Sr. Cohen também criticou, duramente, a liderança do país, alegando que o tanque de seu filho, do qual ele foi sequestrado no 7 de outubro, tinha problemas mecânicos que eram conhecidos pelas FDI, mas não foram consertados.
“A equipe de Nimrod não combateu por conta de uma falha no tanque; o tanque não funcionava”, explicou ele. “O exército economizou dinheiro com o tanque.”
Rivka Bohbot, esposa de Elkana Bohbot, disse que o seu marido foi maltratado durante o cativeiro, recebendo mais comida somente nos dias que antecederam a sua libertação.
“Pouco antes de sua libertação, ele recebeu grandes quantidades de comida, para que parecesse um pouco melhor para o mundo ver. Por causa disso, Elkana, agora, está sofrendo fortes dores de estômago, mas estou confiante de que meu heróico marido será capaz de recuperar, gradativamente, a boa saúde graças aos cuidados médicos que está recebendo e à sua própria força interior”, explicou ela.
Rivka Bohbot agradeceu ao povo de Israel em suas declarações à imprensa, dizendo: “Muitas pessoas boas nos ajudaram.”
Ela também disse que Elkana viu vídeos e fotos dos comícios pelos reféns enquanto estava em cativeiro.
“Ele viu e sentiu que não havia sido esquecido. Vocês salvaram ele, mas também a mim e a Re’em”, disse ela, referindo-se ao filho de 5 anos do casal.