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ANÁLISE

Por que o novo Prefeito eleito de Nova York, Mamdani, odeia Israel – não é por causa do Islã ou do Comunismo

O prefeito eleito de Nova York, Zohran Mamdani, visita uma mesquita em San Juan, Porto Rico, em 7 de novembro de 2025. (Foto: REUTERS/Ricardo Arduengo)

Zohran Kwame Mamdani, um deputado estadual de Nova York de 34 anos – Muçulmano com raízes Ugandenses-Indianas – foi eleito prefeito da cidade com a maior população Judaica do mundo. E ele odeia o Estado Judaico.

Agora, pode-se argumentar que a política externa não fará parte de seu mandato como prefeito da cidade de Nova York, como seus apoiadores costumam fazer; no entanto, o próprio Mamdani reconheceu que a animosidade contra Israel é parte do motivo pelo qual ele entrou na política.

De fato, a hostilidade contra os Judeus e o Estado de Israel é central para o pensamento e a ideologia de Mamdani, bem como para seu Partido Socialista Democrático.

Embora o partido goste de criticar aqueles que questionam suas visões radicais sobre Israel — e reclamem que estão sendo reduzidos a esses temas —, Mamdani e seus semelhantes estão constantemente trazendo a questão à tona.

“O verdadeiro tecido conjuntivo de sua política é Israel e Palestina... ele repetiu várias vezes: ‘A Palestina é a razão pela qual entrei na política’”, Olivia Reingold, que acompanhou a campanha eleitoral de Mamdani para o Free Press, disse ao canal do YouTube, Triggernometry.

Após a vitória de Mamdani, a filial nacional dos Socialistas Democráticos da América elogiou-a como uma “vitória para a Palestina”, observando que “Zohran não teve medo de dizer com ousadia... que a Palestina deveria ser livre e que os EUA não deveriam ser cúmplices do genocídio de Israel”.

Ao longo da campanha, Mamdani se recusou a condenar a frase “Globalize a Intifada”, prometeu prender o primeiro-ministro de Israel caso ele visitasse Nova York – devido ao mandado de prisão pendente da Corte Internacional de Justiça – e, por muito tempo, não quis dizer se o Hamas deveria se desarmar.

No entanto, apesar de seu histórico ser usado para atacá-lo como Comunista, Jihadista ou ambos, o ódio de Mamdani por Israel não está enraizado na doutrina Marxista ou no Islã Salafista — em vez disso, ele é o símbolo da ideologia “Terceiro-mundista”.

O Prefeito Eleito de Nova York, Zohran Mamdani, discursando em uma coletiva de imprensa no Hunter College, em Nova York. 11 de novembro de 2025. Foto: Reuters Connect

O que é a ideologia “Terceiro-Mundista”?

“Ele [Mamdani] aborda a política de um ponto de vista extremamente acadêmico... seu pai é professor na Universidade de Columbia, especializado em estudos sobre colonização e descolonização, então ele é um cara imerso na ideologia acadêmica de esquerda”, explicou Reingold.

O Terceiro- Mundismo começou como um conceito e uma mentalidade entre intelectuais, a maioria deles estudando no Ocidente, mas originários de lugares que costumavam ser — ou ainda eram na época — colônias de países Ocidentais.

Zineb Riboua, pesquisadora do Instituto Hudson, descreve essa ideologia como “um projeto moral pós-colonial nascido em meados do século XX que reformulou a política como uma revolta global contra a hegemonia Ocidental”.

Muitas das nações recém-criadas na esteira da descolonização tornaram-se então Estados “não alinhados” que não queriam tomar partido na Guerra Fria — o chamado “Terceiro Mundo”.

No entanto, embora a maioria dessas nações não quisesse se alinhar totalmente com os Estados Unidos ou com a União Soviética, elas certamente compartilhavam um inimigo comum com os soviéticos.

Os intelectuais, muitos deles de origem não Cristã, absorveram a ideologia socialista que os cercava durante seus estudos em Paris, Londres ou outras capitais Europeias, misturando essas influências com suas queixas contra as potências coloniais para dar origem a uma nova ideologia.

Hussein Aboubakr Mansour, pesquisador do Instituto para o Estudo do Antissemitismo Global e Política, chamou o Terceiro Mundismo de “aquela mistura de slogans de Marx, raiva anti-Ocidental, teologia da injustiça, rancor anti-Cristão e ascetismo de vanguarda”.

“Nascido na França de meados do século, metade existencialismo Sartreano e metade radicalismo dos cafés Parisienses, teve sua breve apoteose como bandeira da libertação após a Segunda Guerra Mundial”, escreveu Mansour.

Pensadores radicais como Aimé Césaire e Frantz Fanon, bem como futuros líderes de Estados recém-criados, como Ho Chi Minh, do Vietnã, e Michel Aflaq — pai do nacionalismo Árabe Ba´athista — deram origem a uma ideologia que substituiu a luta de classes Marxista pela luta contra “os colonizadores”.

Essas ideias ganharam destaque mundial durante a Guerra da Independência da Argélia (1954-1962), oferecendo uma prévia de como a ideologia funcionaria na prática.

Em uma luta brutal que custou a vida de muitos civis, as forças da Argélia expulsaram as forças coloniais Francesas de volta para a França, levando consigo a maioria das minorias não Muçulmanas.

Já nessa guerra, a secular comunidade Judaica da Argélia foi identificada como parte dos opressores estrangeiros, levando quase toda a população a fugir para a França.

“Muitos Judeus Argelinos eram pobres e socialmente marginalizados, mas eram retratados como personificações do privilégio colonial e da cumplicidade moral, vistos como participantes do poder que os oprimia”, escreve Riboua.

A guerra também inspirou muito a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em sua convicção de que uma guerra de guerrilha contra “opressores estrangeiros”, fossem Franceses ou Israelenses, poderia ser bem-sucedida, enviando-os “de volta para o lugar de onde vieram”.

O surgimento dessas ideias coincidiu com a queda do apoio a Israel entre os partidos de esquerda em todo o mundo na segunda metade do século XX.

Essa mudança teve várias causas, como o aumento da proeminência do pensamento Terceiro Mundista nas universidades, mas também o crescente alinhamento de Israel com os EUA e outros países do Ocidente, e suas vitórias militares que resultaram na captura de grandes territórios na Judeia e Samaria, nas Colinas de Golã e na Península do Sinai.

Não mais visto como um projeto Socialista corajoso, Israel poderia agora se tornar um símbolo dos “colonizadores” e “imperialistas”, um poderoso opressor dos fracos, mas heróicos combatentes da resistência Palestina.

Ao contrário do ódio motivado pela religião contra o povo Judeu nos movimentos Islâmicos, a ideologia radical de esquerda do tipo Terceiro- Mundista odeia os Judeus e, acima de tudo, o Estado Judaico, como uma personificação do poder Ocidental, colonial, imperialista (insira aqui outra palavra da moda progressista).

“Os movimentos Terceiro Mundistas cada vez mais moldaram sua política através do anti-Sionismo, retratando Israel como a última fortaleza do imperialismo Ocidental e a resistência Palestina como o centro moral de uma luta global”, explica Riboua.

É também por isso que os Judeus que não apoiam Israel, muitos dos quais frequentemente se identificam mais fortemente como progressistas do que como Judeus, são bem-vindos na coalizão de Mamdani.

O prefeito eleito da cidade de Nova York, Zohran Mamdani, discursa durante um comício no Brooklyn, Nova York, EUA, em 4 de novembro de 2025, após vencer a eleição. Foto de Liri Agami/Flash90

As raízes do ódio de Mamdani por Israel

Nas últimas décadas, as queixas do Terceiro Mundismo tornaram-se parte essencial dos currículos das universidades de elite em todo o Ocidente, como a famosa e progressista Alma Mater de Mamdani, o Bowdoin College.

De acordo com um artigo do The New York Times, seus professores disseram que Mamdani já chegou ao campus “com uma ideia do que queria estudar” e possuía “uma visão política bem estabelecida, transmitida por seus pais e seus círculos sociais refinados”.

“Seus estudos complementavam seu compromisso com o ativismo político. Em Bowdoin, ele formou um segmento do Students for Justice in Palestine (Estudantes pela Justiça na Palestina) e tentou, sem sucesso, persuadir Bowdoin a aderir a um boicote acadêmico a Israel.”

Essa ideologia explica algumas das declarações de Mamdani que pareceriam estranhas sem contexto. Por exemplo: “Fui alguém que começou minha jornada na organização e na política, co-fundando o primeiro Students for Justice in Palestine da minha escola. A luta pela libertação da Palestina estava no centro da minha política e continua a estar”.

As motivações de Mamdani são principalmente ideológicas; elas não residem na solidariedade étnica nem na camaradagem Muçulmana.

Ele não é Árabe, mas etnicamente Indiano; e embora seja Mulçumano, é um Xiita Duodecimano, ao contrário dos Palestinos, que são Mulçumanos Sunitas.

Ele também, obviamente, não é um Mulçumano estritamente observante – algo que muitos no mundo Árabe aparentemente ficaram chocados ao descobrir apenas quando foram confrontados com as posições pró-LGBT de Mamdani, depois de primeiro celebrarem sua vitória nas redes sociais.

No entanto, o pensamento Terceiro-Mundista é muito receptivo ao Islã, que trata como “um emblema de subjugação com ressonância universal, uma fé reformulada como resistência e coesão moral contra o domínio do Ocidente”, como afirma Riboua.

Mamdani personifica ainda mais as ideias anti-Ocidentais e anti-colonialistas por meio de sua origem: Sua família é originária de Uganda e da Índia, ambas ex-colônias Inglesas, e seu pai é um proeminente estudioso pós-colonial da Universidade de Columbia.

Tudo isso se expressa em sua política, onde, escreve Riboua, “Israel se torna a expressão final da Europa colonial, e o Judeu é reformulado não como uma vítima, mas como um símbolo do poder Ocidental duradouro. A oposição a Israel funciona, assim, como uma continuação da descolonização, um conflito moral que transforma a antiga luta contra o império em uma disputa permanente entre inocência e culpa”.

Notavelmente, a primeira grande figura política dos EUA nesse molde foi Barack Obama. Como Mamdani, Obama tem fortes laços familiares com ex-colônias – com um pai Queniano e infância passada na Indonésia –, tornando-se mais tarde um ativista estudantil de esquerda e sendo famosamente suspeito de ser Muçulmano.

É claro que Obama tinha posições menos radicais ou sabia como amenizá-las significativamente.

Mas agora, pode ser que tenha chegado a hora de um progressista descaradamente anti-Israel e Socialista do Terceiro Mundismo liderar a cidade culturalmente mais importante do mundo, e muitos outros estão prontos para seguir o exemplo de Mamdani, tentando sequestrar o Partido Democrata.

Não é inimaginável que ele ou alguém ideologicamente próximo a ele, como a colega Socialista Democrata Alexandra Ocasio-Cortez, possa se tornar presidente em breve.

Como tantas vezes na história, os Judeus podem mais uma vez acabar desempenhando o papel de canários nas minas de carvão, tornando-se o primeiro grupo — mas certamente não o último — a sofrer com essa ideologia tóxica.

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Hanan Lischinsky has a Master’s degree in Middle East & Israel studies from Heidelberg University in Germany, where he spent part of his childhood and youth. He finished High School in Jerusalem and served in the IDF’s Intelligence Corps. Hanan and his wife live near Jerusalem, and he joined ALL ISRAEL NEWS in August 2023.

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