Rabinos e pastores dialogam sobre Israel com o Deputado Federal, Max Miller (Ohio), em 31 de janeiro de 2024. (Foto: Fundação Aliados de Israel)
Mesmo um observador casual da história não pode deixar de notar a relação surpreendente que se desenvolveu entre Judeus e Cristãos nos últimos 80 anos. Nada disso teria acontecido sem o nascimento do moderno Estado de Israel em 1948. Desde então, vários momentos cruciais fortaleceram as relações entre Judeus e Cristãos, abriram novos caminhos para o diálogo e promoveram um crescimento significativo.
1980 – O Nascimento de um Movimento
O primeiro foi o nascimento da Embaixada Cristã Internacional em Jerusalém (ICEJ) em 1980. Líderes Cristãos de vários países fundaram essa organização em Jerusalém para representar o amor e o apoio de milhões de Cristãos em todo o mundo que queriam abençoar e ajudar Israel, baseados na Bíblia. A missão da ICEJ era demonstrar esse apoio ao povo de Israel por meio de assistência prática e parceria.
Isso foi inovador, pois durante a maior parte dos 2.000 anos de história do Cristianismo, as relações entre Judeus e Cristãos foram péssimas. O Novo Testamento registra incidentes de perseguição pelos Judeus aos primeiros Cristãos e, à medida que a fé Cristã cresceu e se tornou mais estabelecida e gentia, ela retaliou e se voltou contra suas raízes Judaicas. Seguiram-se séculos de antissemitismo Cristão, abrindo caminho para o Holocausto e criando um abismo de desconfiança.
Essa história explica por que os fundadores da ICEJ tiveram que superar um grande ceticismo em Israel e, como resultado, foram pioneiros em um relacionamento totalmente novo entre Judeus e Cristãos. À medida que a organização expandia sua presença em muitos países, ela teve que fazer o mesmo com as comunidades Judaicas locais que estavam com medo, e a maior parte da imprensa Judaica reforçava esse medo com acusações de motivos e agendas ocultas. Os diplomatas de Israel que estavam mais familiarizados com o mundo do Sionismo Cristão tentaram, mas muitas vezes não conseguiram convencer do contrário os líderes da comunidade judaica.
A Segunda Intifada
Essa desconfiança subjacente começou a dissipar-se quase da noite para o dia durante a Segunda Intifada de 2000. Uma onda de atentados suicidas em ônibus traumatizou o povo de Israel e interrompeu o turismo à Terra Santa, pois tanto as excursões de Judeus quanto as de Cristãos foram canceladas. Mas então chegou a época da celebração anual da Festa dos Tabernáculos do ICEJ, e milhares de Cristãos compareceram. Alguns peregrinos foram ao centro de Jerusalém para andar de ônibus urbano em solidariedade ao povo de Israel, que estava sob ataque.
Quando a notícia chegou aos Estados Unidos, fui convidada a falar com líderes e conselhos de organizações Judaicas para explicar quem são os Cristãos evangélicos, em que acreditamos, quantos apoiam Israel e se a comunidade Judaica deveria trabalhar conosco. Algumas dessas organizações tomaram decisões oficiais de lançar uma campanha Cristã para expandir seu trabalho. Outras decidiram não o fazer em nível nacional, mas incentivar um relacionamento em nível local.
Naquela época, um número crescente de organizações Cristãs estava focado em apoiar Israel, melhorando ainda mais as relações entre Judeus e Cristãos. Uma dessas organizações era a Cristãos Unidos por Israel (CUFI), fundada pelo Dr. John Hagee em 2006. Vários líderes Judeus Americanos foram apresentados aos Cristãos Sionistas pela primeira vez através de eventos da CUFI, e o impacto foi transformador para eles. Desde então, uma infinidade de ministérios Cristãos se formou em nível local e nacional com a missão de apoiar Israel, e eles estão sendo recebidos por um número crescente de pioneiros Judeus que buscam trabalhar em conjunto com eles.
7 de outubro de 2023
Isso nos leva a um ponto de inflexão mais recente, preocupante e, ainda assim, profundamente significativo nessa relação. Após o terrível ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 Israelenses e fez outras 250 pessoas reféns em Gaza, uma onda de apoio a Israel ressoou em todo o mundo. Infelizmente, isso foi rapidamente seguido por protestos furiosos e slogans antissemitas em campus universitários e nas ruas das capitais dos cinco continentes. A comunidade Judaica Americana não ficou apenas assustada, mas chocada ao descobrir que muitos dos movimentos mais liberais que havia apoiado agora se voltavam contra ela.
Quando os Cristãos apareceram para demonstrar solidariedade com eles em comícios ao redor do mundo — particularmente aquele que contou com a participação de 300.000 pessoas em Washington, DC — houve um suspiro coletivo de alívio por saberem que os Cristãos eram realmente seus amigos e estavam publicamente ao lado deles. Em resposta, rabinos importantes, representando vastas redes rabínicas, procuraram se unir ao clero Cristão e aos líderes organizacionais. Dezenas de milhares de igrejas se comprometeram a orar em solidariedade com as sinagogas no fim de semana de 17 a 19 de novembro de 2023. Orações foram feitas por Israel e pela libertação dos reféns. Em poucos dias, cerca de 110 dos reféns voltaram para casa.
Em janeiro de 2024, 70 rabinos, pastores e líderes Cristãos e Judeus se uniram pela primeira vez para subir ao Capitólio e se reunir com legisladores Democratas e Republicanos. Essa parceria histórica confirmou aos líderes políticos de nossa nação a amplitude e a profundidade do apoio Americano a Israel, mas também demonstrou algo novo: um relacionamento florescente entre o clero Judeu e Cristão e um momento decisivo na história das relações entre Judeus e Cristãos. Isso foi além das missões organizacionais, arrecadação de fundos ou projetos e agora se tratava da relação entre o clero das duas comunidades religiosas, como demonstrado por um segundo dia de defesa da causa, com a participação de 300 pastores, rabinos e líderes religiosos em maio de 2025.
Conclusão
Em 1943, em meio à Segunda Guerra Mundial, 400 rabinos Ortodoxos viajaram para Washington, DC, em nome dos Judeus Europeus. Eles estavam sozinhos em sua missão de se encontrar com o Presidente Franklin D. Roosevelt, que se recusou a recebê-los. Agora, mais de oitenta anos depois — e dois anos após os horríveis ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 — Israel ainda enfrenta hostilidade implacável e crescente antissemitismo em todo o mundo. No entanto, ao contrário de 1943, os líderes Judeus não estão mais sozinhos. Um número crescente de Cristãos está ao lado deles em oração, defesa e solidariedade.
Embora não possamos considerar essa relação florescente como algo garantido e devamos protegê-la e cultivá-la em meio a quaisquer dificuldades, apesar dos desafios, este é realmente um novo dia nas relações entre Judeus e Cristãos.
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