O Primeiro-Ministro e Ministro das Relações Exteriores do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al-Thani, discursa no Conselho de Relações Exteriores, em Nova Yorque, em 29 de outubro de 2025. (Foto: Shannon Stapleton/Reuters)
Em declarações na quarta-feira, o Primeiro-Ministro do Qatar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, afirmou que os recentes ataques contra soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) em Rafah, nos quais um soldado da reserva foi morto, constituíram uma violação por parte dos Palestinos do plano de paz do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Ao discursar no Conselho de Relações Exteriores em Nova York, al-Thani afirmou que ambas as partes estão comprometidas com o plano de paz, declarando que “ambas as partes reconhecem que o cessar-fogo deve ser mantido e que devem cumprir o acordo”.
“Temos nos envolvido com ambas as partes de forma muito intensa para garantir que o cessar-fogo seja mantido. E o envolvimento dos EUA, é claro, foi fundamental para isso”, observou al-Thani.
Ele também pareceu ecoar a declaração do Vice-Presidente dos EUA, Vance, sobre a expectativa de “escaramuças”.
“Acredito que o que aconteceu ontem foi uma violação e, como esperávamos, essa violação também terá uma resposta”, afirmou al-Thani. Ele também reconheceu que o evento “foi, honestamente, algo muito decepcionante e frustrante para nós”.
No entanto, quando questionado sobre se o ataque foi uma violação por parte do Hamas, o primeiro-ministro do Qatar, cujo país apoia financeiramente o Hamas há anos e acolhe vários dos seus principais líderes, hesitou.
“Bem, veja, se começarmos a descrever as violações, será uma questão sem fim. Mas o que aconteceu ontem, o ataque aos soldados de Israel, foi basicamente uma violação por parte da Palestina”, respondeu al-Thani.
O Sheikh al-Thani referiu-se a relatos de fontes Palestinas que questionavam a responsabilidade do Hamas pelo ataque.
“Agora temos também declarações contraditórias do próprio Hamas, que precisam de esclarecimentos e precisamos de uma resposta deles sobre isso”, ele disse. “Agora, o Hamas divulgou uma declaração dizendo que não mantém comunicação com esse grupo. Ainda não sabemos.”
Ele disse que o Qatar recebeu “algumas declarações mencionando que este grupo é [um] com o qual eles perderam a comunicação e que não sabem o que estão fazendo, e outra resposta deles de que o que aconteceu foi feito por um grupo que não tem relação com eles.”
Ele disse que a questão mais importante é garantir o cessar-fogo.
“O que importa para nós é como garantir que o acordo seja mantido. Garantimos que este evento ou esta ocasião não afete ou faça com que o acordo seja rompido.”
Al-Thani disse que o Qatar está trabalhando com o Hamas para garantir que o acordo seja mantido.
“Ouvimos algumas discussões sobre o Hamas estar tentando atrasar a entrega dos corpos. E deixamos muito claro para eles que isso faz parte do compromisso que precisamos cumprir”, ele afirmou.
“Nosso trabalho hoje é protegê-lo [o acordo de paz], salvaguardá-lo e garantir que ele se mantenha e garantir que seja implementado”, disse Al-Thani sobre o trabalho do Qatar com o Hamas. “Será um processo complicado. Não será um processo fácil passar pelo desarmamento e pelo desmantelamento, mas faz parte do acordo.”
Al-Thani disse que os mediadores ainda estão trabalhando com o Hamas para cumprir sua responsabilidade em relação à entrega de suas armas.
“Não vejo que a governança seja um desafio, porque isso é algo que deixamos muito claro para o Hamas, e a resposta do Hamas também foi muito clara para nós, de que eles estão dispostos a abrir mão da governança”, explicou o primeiro-ministro do Qatar.
“A questão das armas, na perspectiva deles, é uma obrigação de todas as facções, não apenas do Hamas”, ele disse. “E, basicamente, estamos tentando pressioná-los a todos para chegar a um ponto em que reconheçam que precisam se desarmar e passar para a próxima fase, e precisamos garantir que os Palestinos estejam seguros e os Israelenses estejam seguros.”
