Uma imagem mostra os danos causados na Igreja da Sagrada Família, atingida por um ataque Israelense na quinta-feira, na cidade de Gaza, em 18 de julho de 2025. REUTERS/Khamis Al-Rifi
Seis dias após três habitantes de Gaza terem sido mortos por uma explosão na Igreja da Sagrada Família, na cidade de Gaza, na quinta-feira, as Forças de Defesa de Israel publicaram uma declaração resumindo sua investigação sobre o incidente ocorrido na quarta-feira.
Os militares esclareceram que uma granada de morteiro Israelense – e não um projétil de tanque, como havia sido relatado anteriormente – foi a causa do impacto mortal.
“A investigação revelou que, durante uma operação das tropas das IDF na área da cidade de Gaza, a igreja foi acidentalmente atingida devido a um desvio não intencional de munições”, afirmou as IDF.
Imagens da igreja mostraram que a munição atingiu a borda da fachada da igreja, danificando-a levemente. Vídeos filmados dentro do prédio após o incidente, durante a visita do cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca de Jerusalém, mostraram que o interior aparentemente não havia sido danificado.
Várias centenas de pessoas, a maioria Cristãos, se abrigaram no complexo durante a guerra.
“Durante a operação, foram feitos ajustes para melhorar a precisão do fogo e, após o incidente, foram esclarecidas as diretrizes para abrir fogo perto de edifícios religiosos, abrigos e outros locais sensíveis”, acrescentou as IDF.
Os militares também observaram que, após o incidente, coordenaram a entrada de uma delegação dos Patriarcas Grego e Latino, acompanhada por um grupo de clérigos Cristãos, para visitar a igreja.
Além disso, as IDF e o Patriarcado Latino coordenaram um envio especial de alimentos, equipamentos médicos e medicamentos para a Igreja da Sagrada Família, bem como a evacuação dos feridos para tratamento médico adicional.
Concluindo sua declaração, as IDF reiteraram que “direcionam seus ataques militares exclusivamente a alvos militares e trabalham para mitigar ao máximo os danos a civis e infraestruturas civis, incluindo instituições religiosas. As IDF lamentam qualquer dano causado a civis”.
Na terça-feira, Pizzaballa e o Patriarca Ortodoxo Teófilo III deram uma coletiva de imprensa após retornarem a Jerusalém “com o coração partido”, segundo Pizzaballa.
O cardeal é visto como tendo boas relações com Israel, especialmente em comparação com os líderes da Igreja Ortodoxa Grega.
No entanto, ele denunciou as ações de Israel em Gaza com uma severidade incomum.
“Nós vimos: homens esperando sob o sol por horas na esperança de uma simples refeição. É uma humilhação difícil de suportar quando se vê com os próprios olhos. É moralmente inaceitável e injustificável”, ele disse.
Israel expressou “profundo pesar” pelo ataque que atingiu a Igreja Católica da Sagrada Família.
Apesar das desculpas públicas, as relações entre Israel e o Vaticano atingiram um novo ponto crítico quando a Igreja emitiu uma declaração contra Israel em tom severo na segunda-feira.
“A ajuda humanitária não é apenas necessária – é uma questão de vida ou morte. Recusá-la não é um atraso, mas uma sentença. Cada hora sem comida, água, remédios e abrigo causa um dano profundo”, continuou o cardeal.
“Cristo não está ausente de Gaza. Ele está lá – crucificado nos feridos, enterrado sob os escombros e, ainda assim, presente em cada ato de misericórdia, em cada vela na escuridão, em cada mão estendida aos que sofrem”, observou o cardeal.
Pizzaballa pediu para “acabar com esse absurdo, acabar com a guerra e colocar o bem comum das pessoas como prioridade máxima”.
