Sheikh Wadee’ al-Jaabari em Jerusalém, 3 de julho. (Foto: Sheikh Wadee’ al-Jaabari)
Um grupo de xeques Palestinos da região de Hebron enviou uma carta ao Ministro da Economia Israelense, Nir Barkat, expressando seu desejo de viver em coexistência e cooperação com Israel, de se separar da Autoridade Palestina, de estabelecer um “emirato” e de aderir aos Acordos de Abraham, de acordo com um artigo publicado nesta manhã (domingo) no Wall Street Journal.
Do grupo, apenas o xeque Wadee’ al-Jaabari, também conhecido como Abu Sand, concordou em ser entrevistado em seu nome. “Queremos cooperação com Israel”, disse ele. “Queremos coexistência com Israel.”
A carta, que ele assinou junto com outros quatro xeques influentes, foi endereçada a Barkat, que, de acordo com a reportagem, se reuniu com o grupo em sua casa várias vezes desde fevereiro. Os xeques pediram a Barkat que apresentasse sua carta ao Primeiro-Ministro Netanyahu — que detalha seu plano para estabelecer o “Emirado de Hebron” e romper com a Autoridade Palestina.
“O Emirado de Hebron reconhecerá o Estado de Israel como a nação do povo Judeu”, escreveram os xeques em sua carta, “e o Estado de Israel reconhecerá o Emirado de Hebron como Representante dos residentes Árabes no Distrito de Hebron”.
Na carta, eles solicitaram que fosse estabelecido um cronograma para as negociações para aderir aos Acordos de Abraham e para “um acordo justo e decente que substituísse os Acordos de Oslo, que só trouxeram danos, morte, desastre econômico e destruição”.
Al-Jaabari não acredita que um Estado Palestino será estabelecido. “Não haverá Estado Palestino – nem mesmo em mil anos”, afirma. “Depois de 7 de outubro, Israel não o concederá”.
Outro xeque que assinou a carta, mas não quis ser entrevistado, acrescentou: “Pensar apenas em criar um Estado Palestino nos levará ao desastre”.
À luz da suspensão das autorizações de trabalho para Palestinos em Israel, os xeques propõem que Israel admita 1.000 trabalhadores de Hebron para um período experimental e, posteriormente, outros 5.000. O xeque al-Jaabari e outro xeque sênior disseram que Barkat lhes disse que esse número poderia subir para 50.000 trabalhadores ou mais, de Hebron.
De acordo com o Journal, Barkat agiu em relação aos xeques com o conhecimento do governo Israelense. Uma fonte Israelense sênior disse ao jornal que Netanyahu expressou apoio aos contatos, mas permaneceu cauteloso e está esperando para ver como a iniciativa se desenvolve.
O gabinete de Barkat confirmou o artigo. “Ninguém em Israel acredita na Autoridade Palestina, e você não encontrará muitos Palestinos que acreditam” afirmou. “O xeque al-Jaabari quer a paz com Israel e aderir aos Acordos de Abraham, com o apoio de seus colegas xeques. Quem em Israel vai dizer não?”
Enquanto isso, um diplomata Árabe de um dos países da região disse recentemente ao Kan News que há um esforço significativo em andamento por parte dos Estados Árabes para promover, em breve, uma “onda” de reconhecimentos de um Estado Palestino por países Europeus e Asiáticos.
Do lado dos EUA, porém, sopram ventos diferentes. O Embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee, conhecido como defensor dos assentamentos Judaicos, disse recentemente à agência de notícias Bloomberg que os Estados Unidos não apoiam mais totalmente um Estado Palestino independente.
Em entrevista, Huckabee disse que um Estado Palestino poderia ser estabelecido em outro lugar, mas não na Cisjordânia. “A menos que aconteçam coisas significativas que mudem a cultura, não há espaço para isso”, ele disse, acrescentando que, em sua opinião, um Estado Palestino independente não será estabelecido “durante a nossa vida”.
