Evento comemorativo do primeiro aniversário da morte dos líderes do Hezbollah, Hassan Nasrallah e Hashem Safieddine, em ataques aéreos israelenses, no Estádio Camille Chamoun Sports City, em Beirute, Líbano — em 12 de outubro de 2025. (Foto: Fadel Itani / NurPhoto via Retuers)
O jornal francês Le Figaro informa que o Hezbollah, organização terrorista libanesa, está tentando reconstruir suas capacidades militares apesar dos esforços do governo libanês para desarmá-la.
Segundo a reportagem do Le Figaro, a organização terrorista xiita está, no momento, operando quase que em total clandestinidade e está, discretamente, reabilitando seu comando e força militar, com assistência direta do Irã.
Embora o Hezbollah tenha sofrido graves perdas durante o conflito com Israel em 2023 e, especialmente, em 2024, a organização mantém um alto nível de apoio entre sua base xiita, e está trabalhando, ativamente, para reconstruir sua cadeia de comando após os ataques de Israel, que tiveram como alvo principal a estrutura de comando.
O Le Figaro conversou com um membro anônimo do Hezbollah, a quem se referiu como Wafik, que relatou o pânico após a Operação Bipe, de Israel, em setembro de 2024.
“Eu estava em Dahiyeh (o reduto do Hezbollah na capital libanesa)”, relatou Wafik. “Altos oficiais militares e de segurança dormiam em carros, iam às casas de pessoas de confiança para tomar banho e depois partiam novamente.”
“Durante 10 dias, ninguém atendeu chamadas. Estávamos como um corpo em coma. Apenas os combatentes no sul continuaram a operar, seguindo protocolos de emergência caso o nosso número um desaparecesse”, disse o militante.
Ele disse que, imediatamente após o ataque, ninguém sabia quem estava no comando da organização, e apenas os terroristas alocados no sul do Líbano continuaram a combater as FDI, com base em planos de contingência preparados de antemão.
Wafik também ressaltou que a visita do comandante da Força Quds do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), Esmail Qaani, que ocorreu poucos dias após o assassinato de Hassan Nasrallah, tinha como objetivo ajudar a reabilitar a liderança do grupo após os ataques com pagers e a morte de Nasrallah.
Wafik disse ao Le Figaro que o Hezbollah “restaurou o exército em 10 dias, mas o escalão político permaneceu vago.”
O relatório afirma que o grupo terrorista xiita voltou aos métodos clandestinos de seus primeiros dias, com cadeias de comando mais curtas, separação entre a estrutura militar e política e grupos de liderança menores.
Recentemente, críticas a Nasrallah têm sido ouvidas nos escalões do Hezbollah, afirma o relatório, com agentes mais jovens culpando o líder por entrar na luta contra Israel “com muita cautela.”
Como parte dos esforços recentes liderados pelos EUA, o Líbano iniciou o processo de tentar desmilitarizar a região sul, com o qual o Hezbollah concordou em partes. Entretanto, o grupo afirmou que não entregará suas armas ao norte do Litani e até mesmo começou a reconstruir suas instalações de armas e foguetes na parte norte do país.
O Hezbollah também tentou fortalecer a sua representação política no Líbano, a fim de evitar uma perda de poder político que poderia levar a novos reveses para a organização.
Uma fonte de inteligência ocidental citada pelo jornal francês disse: “Eles são como uma cobra rastejando no escuro. Eles não desapareceram – estão apenas esperando.”
Enquanto isso, Israel continua a atacar as violações do acordo de cessar-fogo, no Líbano, atribuídas ao Hezbollah.
Na semana passada, as FDI atacaram um depósito de armas do Hezbollah na área de Mazraat Sinai, ao sul do Líbano, o que resultou em grandes bolas de fogo e explosões secundárias.
Open Source Intel no X @Osint613 O Hezbollah passa meses se rearmando e reconstruindo, apenas para que tudo seja destruído em 15 segundos. Isso aconteceu hoje à noite.
Em um comunicado, os militares israelenses afirmaram: “As FDI estão operando, dia e noite, para impedir o restabelecimento do Hezbollah no sul do Líbano. Deixem-me ser claro: as nossas regras de combate não mudaram. Não permitiremos que o Hezbollah opere ou se reconstrua no fronte. Continuaremos a agir de forma ofensiva e consistente.”