Soldados de Israel montam guarda na fronteira Israelense com a Faixa de Gaza, em 18 de março de 2025. Foto de Chaim Goldberg/Flash90
Pela primeira vez durante essa guerra, Israel ameaçou anexar partes da Faixa de Gaza como forma de pressionar o grupo terrorista Hamas.
De acordo com uma reportagem do Channel 12 na noite de terça-feira, Israel transmitiu ao Hamas a mensagem de que declarará oficialmente parte da Faixa de Gaza como território Israelense em retaliação a qualquer dano causado aos reféns.
A reportagem surge em meio à renovação dos ataques aéreos Israelenses contra alvos terroristas no território.
Em resposta, Izzat al-Risheq, membro do gabinete político do Hamas, ameaçou implicitamente os reféns, alegando que Israel está sacrificando as vidas dos reféns restantes em Gaza ao retomar a guerra.
“A decisão de Netanyahu de voltar à guerra é uma decisão de sacrificar os prisioneiros da ocupação e uma sentença de morte contra eles”, disse al-Risheq à CNN.
“O inimigo não conseguirá por meio da guerra e da destruição o que não conseguiu por meio de negociações.”
Por outro lado, muitos familiares dos reféns restantes, juntamente com ex-reféns, protestaram contra a decisão de voltar à guerra, argumentando que isso colocaria os reféns em maior risco.
A refém libertada Noa Argamani, cujo parceiro Avinatan Or ainda está sendo mantido em cativeiro, escreveu no 𝕏: “A luta recomeça. Duas palavras, e tantas emoções dentro delas. De repente, em meio ao silêncio, todas as esperanças explodem em um instante. Duas palavras, mas para os reféns que estão lá dentro, elas significam explosões e ruídos que trazem de volta o medo de morrer.”
“Lembro-me de como, em novembro de 23, ouvimos a palavra hudna - um cessar-fogo - pela primeira vez. Mas então, em um único momento, começamos a ouvir as explosões novamente. De repente, todos os sonhos de voltar para casa, de abraçar a família e os amigos - se desfizeram em um instante”, escreveu Argamani.
Ex-reféns relataram, após sua libertação, que os terroristas do Hamas estavam se preparando para assassiná-los quando viram as tropas da IDF se aproximando.
De acordo com o Canal 12, a ameaça de Israel foi projetada para potencializar a preocupação mais importante do Hamas, já que a possível perda de território representa uma ameaça ainda maior para o grupo terrorista, em comparação com a perda de seus combatentes ou civis.
Muitos especialistas em Israel, principalmente os da direita política, há muito tempo exigem que o governo Israelense ameace anexar territórios, argumentando que essa seria a única dissuasão eficaz contra um grupo terrorista Islâmico.
Ao longo dos meses, organizações de direitos humanos alegaram que Israel já está avançando de fato na anexação - ou se preparando para ela - com a criação de uma zona de segurança ao longo da fronteira de Gaza.
Os meios de comunicação usaram fotos de satélite para mostrar que Israel demoliu todos os edifícios e a infraestrutura em uma faixa de aproximadamente um quilômetro de largura ao longo da fronteira.
De acordo com a Associated Press, essa zona de segurança sozinha subtrairia cerca de 60 quilômetros quadrados (23 milhas quadradas) de um total de cerca de 360 quilômetros quadrados (139 milhas quadradas).
Embora a reportagem do Channel 12 não tenha especificado quais áreas seriam anexadas, é possível que Israel declare oficialmente partes dessa zona-tampão como território soberano de Israel.
Em resposta à reportagem da AP, as Forças de Defesa de Israel declararam que “tomam várias ações imperativas que são necessárias para implementar um plano de defesa que proporcionará maior segurança no sul de Israel”.
Um funcionário do governo Israelense disse ao jornal que uma “zona de segurança temporária” está sendo construída.
